Advogado de Armando Pereira diz que atrasos na operação Picoas "só servem para criar ansiedade"
Os trabalhos sofreram um atraso devido às férias judiciais e ao facto de o juiz Carlos Alexandre estar de turno no Tribunal Central de Instrução Criminal.
Corpo do artigo
Terminaram os interrogatórios desta terça-feira relacionados com o processo operação Picoas, uma investigação a um esquema financeiro no Grupo Altice que terá lesado o Estado e o grupo empresarial em centenas de milhões de euros.
O economista Álvaro Loureiro, acionista em algumas das empresas que faziam negócios milionários com a Altice, foi ouvido esta terça-feira pelo juiz Carlos Alexandre, sendo que o interrogatório prossegue esta quarta-feira.
Os trabalhos sofreram um atraso devido às férias judiciais e ao facto de o juiz Carlos Alexandre estar de turno no Tribunal Central de Instrução Criminal.
Manuel Magalhães e Silva, advogado de defesa de Armando Pereira, um dos fundadores da Altice, também detido no âmbito deste processo, afirma que a espera só prejudica os arguidos.
"Esta longa espera só serve para criar ansiedade e angústia nos arguidos", considera.
Questionado sobre as condições na prisão onde Armando Pereira se encontra, Magalhães e Silva agradece à polícia por estar amenizar o efeito de uma situação que considera inadequada.
"A PSP tem feito todo o possível para com o tipo de instalações que tem - e que não são adequadas para este tipo de detenções - minimizar, nos limites do possível, a situação dos detidos, inclusive permitindo-lhes que usem os duches próprios do pessoal porque nem existem duches para os detidos. Só há que louvar a forma extremamente humanitária como a PSP tem tratado os detidos", sublinha.
"Caberia ao Estado português ter condições diversas para neste tipo de situações não estarem os arguidos sujeitos a este tratamento, que já tem tido condenações no Tribunal Europeu de Direitos Humanos, por se entender que não são condições adequadas", remata.
A "operação Picoas", desencadeada a 13 de julho, levou a três detenções, entre as quais a do cofundador do grupo Altice Armando Pereira, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a sede da Altice Portugal, em Lisboa, e instalações de empresas e escritórios em vários pontos do país, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal do Ministério Público (MP).
Esta foi uma ação conjunta do MP e da Autoridade Tributária. Em causa, alegadamente, está uma "viciação do processo decisório do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência", que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.
As autoridades consideram que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba "superior a 100 milhões de euros". Em 2 de junho de 2015, a Altice concluiu a compra da PT Portugal.