Depois de Sintra, mais três localidades ultrapassaram o limite de concentração de ozono. A TSF foi procurar explicações.
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Algumas localidades de Portugal voltaram a atingir, na quarta-feira, valores de concentração de ozono acima do limite. A poluição, o calor e o fumo dos incêndios têm sido os principais fatores que levaram a que fossem ultrapassados os 180 microgramas por metro cúbico nos concelhos de Almada, Cascais e Oeiras.
O especialista em qualidade do ar e professor na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Francisco Ferreira, explicou o fenómeno e começou por esclarecer que existem dois tipos de ozono: o ozono bom e o mau.
"Ozono bom é aquele que está na estratosfera, a 45 quilómetros de altitude e que nos protege das radiações ultravioletas, principalmente das mais energéticas, mas temos um ozono, entre aspas, "mau", que é um poluente secundário, ou seja, à superfície, criado a partir de poluentes precursores e aqui estamos a falar principalmente dos óxidos de azoto, que têm tudo a ver com processos de combustão como acontece, por exemplo, com os automóveis, as indústrias e também de compostos orgânicos voláteis, incluindo aqui fontes naturais, como as florestas", explicou à TSF Francisco Ferreira.
Nos últimos dias, Portugal tem sido atingido por temperaturas altas, muitas vezes superiores a 40 graus e durante vários dias, e praticamente com ausência de vento. Francisco Ferreira sublinha que estas condições são ideais para que os valores do chamado ozono mau atinja valores preocupantes.
"Quando temos situações de muito calor, estes compostos vão ter um conjunto de reações químicas que vão originar ozono e, portanto, o ozono de superfície ou ozono troposférico ocorre habitualmente em situações onde temos radiação solar, porque ela é essencial para estas reações químicas, e em que temos temperaturas elevadas e, portanto, as reações dão-se mais rapidamente. Costumam haver também condições meteorológicas de vento fraco e é isso que temos tido agora nos últimos dias", esclareceu o professor.
Este poluente pode ter efeitos nocivos nas pessoas mais sensíveis como crianças, idosos, asmáticos e pessoas com outras doenças respiratórias. Por isso, adianta Francisco Ferreira, é preciso estarmos atentos aos avisos emitidos pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.
"Vale a pena estar atento, olhar para os avisos que são obrigatórios ser feitos pelas comissões de coordenação e desenvolvimento regional e tomar precauções porque esses avisos às vezes são disseminados na comunicação social apenas algumas horas depois e queremos é evitar essa exposição. É habitualmente da parte da tarde e ao fim da tarde que temos estas concentrações mais elevadas e que, obviamente, são prejudiciais à saúde", acrescentou.
As pessoas mais sensíveis devem, por isso evitar a permanência no exterior, nas zonas afetadas, reduzindo ao máximo a atividade ao ar livre. A exposição ao ozono afeta essencialmente os olhos e as vias respiratórias e os sintomas são tosse, dores de cabeça, no peito, falta e de ar e irritações nos olhos.
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT) disse que para os valores de concentração observados, o ozono pode provocar "alguns efeitos na saúde humana", especialmente em crianças, idosos e doentes respiratórios ou cardíacos.