
Reuters
Os alunos do ensino recorrente não se conformam com a decisão do Supremo Tribunal Administrativo que deu razão ao Ministério da Educação, que mudou as regras no acesso ao ensino superior.
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Durante seis anos vigorou um regime jurídico que permitia aos alunos do ensino recorrente acederem à universidade com a média interna sem terem de realizar os exames nacionais obrigatórios no ensino normal.
O ministro Nuno Crato decidiu acabar com as desigualdades, até então legais, mas fê-lo a meio do ano letivo, sem acautelar um regime transitório.
Os alunos do ensino recorrente apanhados no processo de mudança legislativa levaram o caso a tribunal e até ganharam na primeira instância, com o Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa a considerar, em junho de 2012, que os requerentes detinham «legítimas expectativas» na manutenção do regime jurídico preexistente ao início do ano letivo.
O Ministério da Educação (ME) recorreu e este mês o Supremo Tribunal Administrativo deu-lhe razão.
Os alunos em causa estão atualmente no segundo ano da universidade e nos últimos dias começaram a receber cartas da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) a notificá-los da decisão judicial.
Muitos deles acabaram por fazer os exames nacionais mas entraram de acordo com as regras antigas, com médias mais elevadas. Como consequência, os alunos que o ME foi obrigado a aceitar, nos termos do quadro legal anterior, estão agora ser postos fora do ensino superior ou recolocados noutros cursos e universidades.
O advogado Jorge Braga representa cerca de 300 alunos. Em declarações à TSF, o causídico de Braga anunciou que vai opor-se à decisão do Ministério da Educação, estando a ser estudadas formas de travar a expulsão e recolocação dos alunos.
O advogado continua a entender que a decisão de Nuno Crato, tomada a meio de um ano letivo, fere princípios constitucionais.
Alguns pais já se mostraram dispostos a avançar para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem mas sabe-se à partida que qualquer decisão de Estrasburgo nunca chegará a tempo de evitar os prejuízos para os alunos universitários.