Ambientalistas prometem "luta" contra exploração de lítio em Montalegre. Empresa vê benefícios
À TSF, a associação Montalegre com Vida garante que irá contestar o projeto. Já a Luso Recursos considera que a exploração vai contribuir "socialmente, ambientalmente e economicamente" para a região.
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A associação ambiental Montalegre com Vida promete luta contra a exploração de lítio na região, depois da a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ter aprovado o projeto.
"Isto será o início de uma grande luta. Este projeto não está consumado, no nosso entender, e são 100 páginas de relatório. Nós vamos analisá-las, também com os nossos advogados, e certamente nós iremos contestar nos tribunais e onde de direito. Isto será o início de uma grande luta que nós achamos que vamos levar a bom porto", garante à TSF o presidente da associação, Armando Pinto.
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O líder ambientalista considera que a APA devia mudar de nome: "Elegeram acabar com o resto da população, porque vai ser insuportável viver ao lado deste projeto, desta exploração mineira. Nem tiveram em conta a população e os interesses da população, nem a defesa do ambiente. Eles dizem que isto é para o interesse do país, para a transição energética. Eles vão destruir completamente uma zona que, digamos, é virgem. Uma zona que tem água pura, uma zona que tem floresta. Aquilo que temos de melhor nível ambiental no nosso país, eles vão destruir. Uma zona que é património agrícola mundial. E isso nunca foi tido em conta, nunca teve qualquer peso na nesta decisão."
Armando Pinto desconfia do chumbo da criação de uma zona industrial nas imediações da mina, até porque a APA contrapõe que as populações e o município de Montalegre terão direito a contrapartidas financeiras.
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"Isso é uma forma também de aliciamento ao município, à Câmara Municipal, para que possa alterar o PDM e, desta forma, dar andamento a estes anexos mineiros. Não sabemos quanto dinheiro será ou se isto será algum dia viável. No próprio contrato, a que nós tivemos acesso, se a empresa provar que o dinheiro é necessário para que o projeto seja viável, o próprio Estado abdica de esses valores. É muito show", considera.
"Seja o lítio, seja o quartzo e o feldspato, contribuem para um desenvolvimento económico"
No lado oposto, a empresa Luso Recursos considera que os protestos são normais, mas acredita que o projeto vai beneficiar Montalegre.
"É um projeto com um valor acrescentado muito significativo. Nós estamos numa fase de transição energética. A cadeia de valor do lítio, que contribui para a cadeia de valor das baterias, tem de ser considerado e tem de ser valorizado. Nós não podemos fazer projetos que apenas façam a extração do minério, que façam uma primeira transformação industrial do minério e depois vamos exportar, por isso é muito importante para o país acrescentar valor não só ao produto principal, mas também a outro produto que também vai sair, o subproduto que é o quartzo e o feldspato, e nós temos um cluster da cerâmica em Portugal, que também temos de contribuir para que esse valor acrescentado seja também aplicado. Por isso, seja o lítio, seja o quartzo e o feldspato, contribuem para um desenvolvimento económico e contribuem para o país", considera o diretor executivo da empresa em declarações à TSF.
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Para Ricardo Pinheiro, diz que a prioridade é desenvolver a melhor forma para que o projeto contribua para a população local.
"Todos projetos desta dimensão têm pessoas a favor, tem pessoas contra, tem contestações como nós já vimos até hoje. Umas maiores, outras menores. Mas temos é de, em conjunto com os representantes da população, a encontrar as melhores medidas para levar um projeto que contribua para o desenvolvimento de daquela região, socialmente, ambientalmente e economicamente", assegura.
O projeto terá condicionantes e terão de ser pagas compensações ao município e à população: "São condicionantes que nós temos de respeitar o território e que, em fase de projeto de execução, vão ser tidas em consideração."
O projeto inclui a exploração na mina do Romano, a deposição do minério e uma refinaria de lítio. As obras de construção do projeto mineiro do romano devem começar em 2025 e está previsto que a exploração de lítio comece dois anos depois.
*com Rui Oliveira Costa