Do debate aceso entre Francisco Rodrigues dos Santos, do CDS, e Inês Sousa Real, do PAN, ficou uma certeza: nenhum dos dois aceitará fazer parte de uma solução de governo que inclua o outro. Touradas e mundo rural vincaram as diferenças.
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Se depender de Francisco Rodrigues dos Santos (CDS) e de Inês Sousa Real (PAN) não haverá uma solução de governo que inclua os dois partidos. "Impossível", disse o líder do CDS, acusando o PAN de ser "animalista radical", um "lobo em pele de cordeiro" que tem como objetivo "destruir o modo de vida dos verdadeiros ambientalistas: os agricultores, caçadores e produtores de animais."
"Não procure animalizar as pessoas e humanizar os animais", disse o líder do CDS que chegou a referir que o PAN "é a favor da eutanásia, mas é contra o abate dos animais."
Do outro lado da mesa, Inês Sousa Real expressou dúvidas de que o CDS consiga sequer eleger deputados e afirmou que, para existir uma hipótese de entendimento, o CDS "teria de se aproximar do século XXI".
A porta-voz do PAN recusou que o partido coloque os animais à frente das pessoas: "O PAN tem uma visão da sociedade progressista, de respeito profundo por todas as formas de vida."
O tom crispado, sobretudo por parte de Francisco Rodrigues dos Santos, marcou os 25 minutos onde ficaram vincadas as diferenças entre PAN e CDS, a começar pelo tema das touradas.
Inês Sousa Real do PAN criticou a "grande injustiça social de estarmos a canalizar verbas para uma prática anacrónica, cruel para com os animais que já não deveria ter lugar".
Francisco Rodrigues dos Santos acusou o PAN de querer "acabar com a tauromaquia porque é um partido ditador."
Na leitura do líder do CDS, os "verdadeiros ambientalistas" são os caçadores e os agricultores" e não os ambientalistas que "têm um periquito na gaiola, um peixe no aquário e duas orquídeas na marquise".
Inês Sousa Real ia rejeitando as acusações, pelo meio do discurso quase ininterrupto do líder do CDS, e acabou por questionar "Quantos vereadores elegeu em Santarém? Zero", numa referência a um distrito onde a tauromaquia tem peso.
Os resultados eleitorais acabaram por ser, já no final do debate, o único ponto de contacto entre os dois líderes: ambos acreditam num bom resultado, mas admitem analisar o que sair das legislativas de 30 de janeiro.
Francisco Rodrigues dos Santos não espera "perder deputados": "Nem sequer coloco o cenário de perder deputados nas próximas eleições. Se perder, farei a minha avaliação."
Inês Sousa Real considerou "fundamental para o PAN é continuar a defender as causas" embora esteja disponível para "assumir responsabilidades".
Quase a fechar o debate, o líder do CDS afirmou que Inês Sousa Real é "a maior crítica dos agricultores, mas tem estufas no Montijo." A porta-voz do PAN respondeu que tais acusações são "ataques concertados da CAP."
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