O líder socialista garantiu que "nenhum primeiro-ministro" provoca eleições antecipadas no meio de uma crise, apesar de Jerónimo de Sousa defender que o PS "quis eleições".
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António Costa e Jerónimo de Sousa sentaram-se à mesa, pela primeira vez, depois do chumbo do Orçamento do Estado, que ditou a queda do Governo. Desta vez, não para negociar, mas para debater "possíveis consensos", com o atual primeiro-ministro a admitir que "não tem confiança" nos partidos à esquerda.
No debate entre PS e PCP, antes das legislativas, Jerónimo de Sousa mostrou-se disponível para "novas soluções", apesar de admitir que o Governo "desistiu de procurar soluções e quis eleições".
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Já António Costa começou logo por perguntar ao dirigente comunista "porque é que chumbou o Orçamento", sem deixar que o documento chegasse à especialidade. "Quando falamos em estabilidade, não é por acaso", atirou.
Jerónimo de Sousa defendeu que as propostas do partido "eram simples", como a subida do salário mínimo para os 900 euros já em 2022 e um maior investimento no Serviço Nacional de Saúde, reforçando que "o Governo do PS desistiu de procurar soluções e começou a pensar em eleições".
Na resposta, António Costa foi claro: "Mas algum primeiro-ministro, em algum país do mundo, provoca eleições antecipadas no meio de uma crise destas?", questionou, em jeito de pergunta retórica.
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Sem confiança na esquerda, António Costa reforça a "necessidade de uma maioria" para governar com estabilidade, mas o PCP está disposto a encontrar soluções, caso os socialistas não consigam metade dos deputados, "porque as eleições são para eleger 230 lugares".
"Não tenho ideia desse discurso belicista, a nossa crítica é clara, mas numa perspetiva de encontrar soluções, porque o país precisa de soluções", atirou.
E António Costa assume que "não quer reerguer os muros que derrubou há seis anos", mas o objetivo passa por avanços para o país "que já tinham sido possíveis neste Orçamento".
Questionado se está disponível para chegar a uma nova versão da geringonça, caso o PS não consiga a desejada "maioria", António Costa assume que "não há mortes definitivas a não ser a própria morte", mas há feridas por sarar.
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"O que tenho de dizer aos cidadãos, com a mesma frontalidade com quem disse há dois anos que não haveria outra solução fora do quadro da geringonça, neste momento não sinto confiança que essa seja uma solução estável", concluiu.
Para António Costa "a solução segura e certa" é a maioria socialista nas eleições legislativas.
O Presidente da República convocou eleições legislativas antecipadas para 30 janeiro na sequência do "chumbo" do Orçamento do Estado para 2022, no parlamento, em 27 de outubro passado.