António Rebelo de Sousa: "Falta de bom senso é manterem-se certas pessoas no Governo quando já estão descredibilizadas"
António Rebelo de Sousa, militante socialista e irmão do Presidente da República, discorda das críticas de António Costa à dissolução da Assembleia da República e marcação de eleições antecipadas e comenta que Marcelo tem sido "bastante paciente". Nas diretas do PS apoia José Luís Carneiro.
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Depois de António Costa ter defendido, esta manhã, que se "tivesse havido bom senso" Portugal não estaria agora numa crise política e que era "totalmente desnecessária" a marcação de eleições e a dissolução do Parlamento, decisões tomadas pelo Presidente da República (PR) após o pedido de demissão apresentado pelo primeiro-ministro, surgem vozes discordantes de dentro do partido e de particularmente perto de Marcelo: falta de bom senso é manter no Governo pessoas que estão "descredibilizadas junto da opinião pública", diz António Rebelo de Sousa.
O militante socialista e irmão do Presidente da República explicou este sábado à TSF que discorda "plenamente" da avaliação de que houve falta de bom senso, embora não deixe de notar que Costa é o "secretário-geral" do partido e a sua relação familiar com Marcelo pode levar a que seja "mal interpretado".
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"O que eu acho que é falta de bom senso é às vezes manterem-se certas pessoas no Governo quando elas já estão, de alguma forma, descredibilizadas junto da opinião pública e há um sentimento geral de que elas não devem continuar", notou Rebelo de Sousa, sem referir nomes, mas acrescentando que "isso é que é falta de bom senso, sobretudo quando isto depois acaba por estar na origem de tudo aquilo que pode haver de pior em termos de evolução dos cenários políticos na vida política portuguesa".
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"Falta de bom senso não acho que tenha havido da parte do meu irmão Marcelo"
Em declarações à TSF, o militante socialista considera até "injusto" que se critique o Presidente da República, até porque este "esteve um ano e meio, de alguma forma, a dar até um certo apoio ao PS nas diversas crises sucessivas que foram aparecendo durante esse período de tempo".
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"A grande crítica que a direita fazia e faz ao PR é precisamente a de ele ter apoiado excessivamente o PS, acho que é injusto fazer-se uma crítica dessas ao senhor Presidente, que tem sido uma pessoa até bastante paciente em certos domínios. Ele tem feito os possíveis para manter a estabilidade política do país, não se pode considerar que tenha sido um elemento desestabilizador da situação política do país", defendeu.
O apoio a Carneiro, a "terceira via"
Já num olhar para o interior do PS, que vai a votos para eleger um novo secretário-geral a 15 e 16 de dezembro, o antigo deputado e professor catedrático apoia José Luís Carneiro, que "representa a terceira via entre o neoliberalismo conservador e o radicalismo de esquerda".
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O atual ministro da Administração Interna "representa, no fundo, uma opção socialista moderada, ou social-democrata, que quer conciliar as defesas do valor da liberdade e da democracia com as reformas que são necessárias ao país, sendo sempre a favor da adoção de políticas realistas, procurando também conciliar o rigor orçamental e as boas contas com a justiça social e as transformações que são necessárias hoje em dia na sociedade portuguesa", avaliou.
E questionado sobre se, caso José Luís Carneiro seja eleito, este deve viabilizar um governo minoritário do PSD, António Rebelo de Sousa afirma que tudo depende das circunstâncias, mas é uma possibilidade.
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Já fora destas contas fica um regresso à chamada geringonça que o PS fez o com o BE e o PCP, de modo a evitar que o partido fique "acorrentado a forças antidemocráticas", com críticas direcionadas aos comunistas, "um partido que comprovadamente tem conciliado com regimes ditatoriais e com oligarquias e com sistemas de capitalismo selvagem. Acho que não faz sentido um partido como o PS conciliar com partidos desses".
Antigo militante do PSD, Rebelo de Sousa diz-se apoiante do "socialismo moderado" e garante não ter "nada contra" o bloco central: "Entre o centro-direita e a extrema-direita, ou entre o centro-direita e a extrema-esquerda, realmente prefiro o centro-direita."