Apesar das "preocupantes lacunas", Livre volta a abster-se na votação do Orçamento
Rui Tavares avisa que o trabalho na especialidade "será árduo" para que a abstenção "não se transforme em voto contra".
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Quando Augusto Santos Silva pedir as abstenções ao Orçamento do Estado, Rui Tavares vai voltar a levantar-se, tal como fez nos Orçamentos anteriores. O Livre encontra "preocupantes lacunas" na proposta do Governo, mas sinaliza a vontade para dialogar de António Costa. O trabalho "será árduo" e o partido deixa em aberto a votação final global.
Num texto enviado aos militantes do Livre, a que a TSF teve acesso, o partido começa por notar as "preocupantes lacunas na resposta à emergência social, em particular na habitação e na pobreza infantil", assim como o investimento "insuficiente" na educação e na saúde.
"No lado positivo foram sinalizados os aumentos dos fundos disponíveis para a ação climática (embora tenha como pano de fundo a diminuição dos fundos dedicados à conservação da natureza, à proteção do meio ambiente e à defesa da biodiversidade), bem como a criação de um Fundo de Investimento que responde ao questionamento do Livre sobre a utilização a dar aos excedentes orçamentais", acrescentam.
Há caminho por fazer, como o primeiro-ministro admitiu no primeiro dia de debate do Orçamento, desde logo, para alargar o passe ferroviário nacional, introduzido por proposta do Livre, ainda que apenas nos comboios regionais. Essa é uma das principais discussões que o partido quer levar para a fase de especialidade.
"O Livre não enjeitará a oportunidade para procurar melhorar este orçamento, o que fará de boa-fé e com espírito construtivo, pelo que se absterá na votação na generalidade", sinalizam.
Além do passe ferroviário nacional, o Livre já levou o Governo a aumentar o abono de família para famílias monoparentais, assim como a atribuir o subsídio de desemprego para as vítimas de violência doméstica, aprovado recentemente em Conselho de Ministros.
Por isso, Rui Tavares quer continuar "na linha da frente na proposta de soluções", embora admita que o trabalho com o Governo e com o PS "será árduo, para que esta abstenção na generalidade não se transforme em voto contra na votação global final".
Desde que o Livre está no Parlamento, o deputado-único Rui Tavares absteve-se sempre nas votações dos Orçamento, tanto na fase de generalidade como em votação final global. António Costa já chegou a apelidar o Livre de "oposição diferente", referindo-se ao diálogo que tem existido entre o partido e o Governo.