Árvores de fruto arrancadas pela raiz, estufas "dizimadas". Agricultores do Algarve falam em "centenas de milhares de euros de prejuízo"

João Matos/Lusa
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Algarve já pediu aos agricultores para fazerem o levantamento dos estragos provocados pela tempestade da última semana. Quer enviar quanto antes ao Ministério da Agricultura o somatório dos prejuízos. Na região há quem tenha perdas de milhares de euros
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Árvores arrancadas pela raiz ou destruídas, estufas e infraestruturas de rega totalmente danificadas, são alguns efeitos da tempestade que na última semana assolou o Algarve. A Federação da Agricultura Algarvia (FEDAGRI) não tem ainda contabilizados os prejuízos totais, mas adianta que há pomares de citrinos e estufas que foram "seriamente danificados". "Aguardamos o relatório [dos agricultores] daquilo que são as necessidades", adiantou, em declarações à TSF, Afonso Nascimento, presidente da federação.
Além da chuva forte, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já confirmou a passagem de um tornado em Albufeira, no último sábado, com ventos de 220 quilómetros/hora. Na zona de Ferragudo, Silves e Lagoa, outro fenómeno de vento extremo, com rajadas de 180 quilómetros/hora, destruiu várias estufas e pomares.
O presidente da Associação de Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão, Ilídio Mestre, relatou à TSF o caso de uma empresa com cerca de 13 hectares de estufas que ficaram "praticamente dizimadas": "São estufas de tomates e hortícolas, com estragos muito avultados, porque têm estruturas metálicas muito caras."
"Sem contar com as infraestruturas, há a produção perdida. São estragos muito significativos que eu admito que, nesse caso, vão para centenas de milhares de euros", afirmou ainda.
A intempérie provocou também estragos em vários pomares. O presidente desta associação contou o caso de um pomar em que "o fenómeno [de vento] arrancou pela raiz uma parte muito significativa das árvores (...), com estragos também na produção da fruta".
Nos pomares de citrinos, numa altura em que se verifica a colheita das clementinas e de variedades "precoces", registaram-se igualmente prejuízos, assim como em muita fruta que ainda se encontra nas árvores a crescer e a ganhar o seu calibre final, e cuja recolha será feita mais tarde. "Essa fruta que sofra golpes com o impacto vai ficar manchada, perder valor comercial e não vai ter saída", concretizou Ilídio Mestre.
Por esse motivo, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Algarve já pediu aos agricultores para fazerem um levantamento dos prejuízos. Em comunicado, a comissão escreve que "em articulação com o Ministério da Agricultura e Mar, as autarquias e diversas organizações regionais do setor agrícola, está a avançar com um conjunto de iniciativas de apoio aos produtores afetados por fenómenos naturais recentes na região".