Alguns surtos do novo coronavírus têm sido associados a estas empresas e são uma prioridade na realização de testes.
Corpo do artigo
Há empresas de trabalho temporário a operar à margem da lei. A denúncia é da APESP - Associação das Empresas do Setor Privado de Emprego e de Recursos Humanos. Alguns surtos do novo coronavírus têm sido associados a estas empresas e são uma prioridade na realização de testes, mas até ao momento não foi possível esclarecer se estão ou não a operar dentro da lei.
A APESP garante que representa 80 a 90% da atividade no país. O presidente, Afonso Carvalho, garante que são muito poucos os casos de infeção por Covid-19 nestes trabalhadores e nenhum é da zona da Azambuja.
"Destas 90 mil pessoas, a nível nacional tivemos oito casos de trabalhadores infetados que já estão, felizmente, curados e nenhum deles é da zona do Carregado e da Azambuja", garantiu à TSF o presidente da associação.
12265810
Afonso Carvalho refere, no entanto, que há um lado menos claro desta atividade.
"Existem mais de 240 empresas e sobre essas, obviamente, não temos qualquer visibilidade, mas sabemos que algumas operam à margem da lei e que, para muitas delas, por vezes é comum cederem espaço para um, dois ou 20 trabalhadores na mesma casa, às vezes em condições que nem são as mais corretas", explicou Afonso Carvalho.
São empresas que até podem estar licenciadas pelo IEFP, mas Afonso Carvalho defende que isso não garante que estejam legais.
12261723
"Todas têm de ter um alvará, mas se for a ver, por exemplo, o número de empresas cujo alvará é caducado, não é renovado ou abrem com um nome diferente, isso também indicia alguma coisa", ressalvou o presidente da associação de empresas deste setor.
A TSF confirmou, no site do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que há centenas de empresas de trabalho temporário que não podem operar por terem licenças caducadas, suspensas ou revogadas e desde segunda-feira que tenta obter esclarecimentos junto da entidade para saber se há empresas ilegais ligadas aos surtos do novo coronavírus.
Até ao momento da publicação desta notícia, nem o IEFP nem a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) responderam à TSF perante a denúncia da associação que representa estas empresas.
12259758
Já o delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Mário Durval, admite que isso pode acontecer, mas deixa muito claro que não é matéria para as autoridades de saúde pública.
"Indicamos que ali pode estar um eventual problema, mas não vamos investigar as relações de trabalho nem as relações entre a empresa de trabalho temporário e a empresa de destino dos trabalhadores. Muitos dos lares que andámos a tratar e onde andámos a fazer testes eram lares ilegais", acrescentou Mário Durval.
12258511