O líder do PSD diz que só não o faz de imediato "pela sensibilidade destes serviços".
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O presidente do PSD, Luís Montenegro, disse esta segunda-feira que falta explicar muita coisa no caso da atuação do SIS na recuperação do computador de Frederico Pinheiro, mas que, para já, vai apenas enviar perguntas a António Costa.
"Neste momento, vamos dirigir perguntas diretamente ao primeiro-ministro através de um requerimento que será entregue amanhã", disse o social-democrata em entrevista à RTP.
Mas vai avança com uma comissão de inquérito? "Não excluímos essa possibilidade, não o faço de imediato pela sensibilidade destes serviços."
"Falta explicar quem é que acionou a presença dos serviços de informações na recuperação do computador. Falta explicar tendo sido chamada a PSP e a PJ, porque não foram essas autoridades a contactar o SIS. Falta explicar se houve ou não roubo de um computador", refere, dizendo que o serviço, "por ser secreto, não pode existir dúvidas sobre a forma como é utilizado".
E deixa um aviso: "Há um circuito de dúvidas que têm de ser clarificadas."
Luís Montenegro diz que o PSD está preparado para governar Portugal e acredita que essa alternativa tem vindo a ter mais peso nos portugueses.
"É um mito não haver alternativa do PSD", afirma o social-democrata, acrescentando que "tem sido cada vez mais bem acolhida pela população" e que isso se vê nas sondagens.
Ainda assim, Luís Montenegro confessa que ainda não está satisfeito com o que dão os estudos de opinião, porque quer "sempre mais".
O presidente do PSD diz que "a alternativa constrói-se e apresenta-se com vigor nos momentos eleitorais": "Eu quero ganhar as eleições, não é as sondagens."
E atira as responsabilidades para o outro lado. "A questão que se coloca ao país é exatamente ao contrário: o que é que aconteceu ao apoio político que o Governo teve no ano passado?", questiona.
Sobre as dúvidas de Marcelo Rebelo de Sousa, Montenegro desdramatiza: "O Presidente fez a sua análise com base na realidade. A verdade é que houve eleições há um ano."
O líder social-democrata voltou a ser questionado sobre se validaria o apoio do Chega para ser Governo, mas, tal como nas vezes anteriores, recusou incluir o nome do partido de André Ventura na resposta.
"Eu já disse o que é que está excluído do meu programa de candidatura a primeiro-ministro e fui muito claro nisso", respondeu.
E volta a atirar a questão para o adversário: "Há uma incidência brutal sobre o PSD e sobre mim mesmo, quando do lado do PS ninguém pergunta a António Costa se admite formar governo se ficar em segundo lugar numas eleições."
Desde que foi empossado, o Governo tem sofrido com vários casos ao longo do último ano, mas o PSD ainda não pediu eleições antecipadas e Montenegro explica a razão.
"Tivemos eleições há pouco mais de um ano, há uma maioria absoluta no Parlamento e há condições políticas para governar", considerou, atirando o ónus de provocar eleições para o primeiro-ministro e para o Presidente da República.
Sobre o caso da troca de favores entre PSD e PS nas eleições autárquicas de 2017, Montenegro diz que há duas dimensões.
"Há uma dimensão judicial na qual eu não tenho interferência. É absolutamente exigível que haja celeridade e clareza", afirma, questionando: "Conclusões que foram tiradas há um ano só agora é que vieram a público? E as pessoas nem sequer foram ouvidas?"
Quanto à segunda dimensão, que é uma "alegada viciação do processo eleitoral", Montenegor não quer "ter um milímetro de dúvida" e argumenta que "os partidos todos têm a obrigação de aclarar a situação".
O presidente do PSD falou de fontes anónimas, que "já não são assim tão anónimas" e explica agora a quem se dirigia: "É um recado para todos os que privilegiam interesses particulares, dentro e fora do partido."
Daqui a um ano, o país volta às urnas para as eleições europeias. Luís Montenegro diz que não tem medo de ir a votos e que se sujeita "à avaliação dos resultados".
Mas um insucesso eleitoral conduz à saída de Montenegro? "Com certeza que não (...) Depende da avaliação política que vou fazer no fim do meu mandato."
"Se me pergunta qual é o meu objetivo para as eleições, é ganhar e quantos mais, melhor", conclui.