O Presidente da República mostrou-se também satisfeito com a descida do desemprego e da inflação no país, mas avisou que está também atento à situação política.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, diz que sempre foi contactado pela mesma entidade oficial a propósito do caso no Ministério das Infraestruturas que levou à atuação das secretas. Sem nunca revelar um nome concreto, o chefe de Estado afirmou que não é difícil perceber quem o informou.
"O primeiro-ministro esclareceu isso. Somando um mais um dá para ver quem contactou o Presidente da República no dia 29. Nesse contacto não se falou no SIS. Posso dizer que, ao longo deste período todo, só tive sempre o mesmo contacto oficial. Ficou claro porque no próprio o dia não houve, nesse contacto, referência ao SIS", explicou Marcelo.
Questionado também sobre o caso Tutti Frutti e o facto de um deputado do PSD ser arguido e ter perdido confiança política, Marcelo recusou comentar as investigações em curso, dizendo apenas que olha para as instituições do país como um todo.
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"Para o Governo, partido do Governo, partidos que não estão no Governo, oposição ou oposições. Todos desejamos que as instituições sejam permanentemente prestigiadas e que não haja uma descolagem dos portugueses em relação às instituições democráticas. O Presidente da República não se concentra apenas no prestígio das instituições ligadas ao poder. Não vou pronunciar-me sobre questões concretas que envolvem ou não investigações criminais ou outras, mais antigas ou menos antigas", respondeu.
Em relação à possibilidade de as prestações das casas poderem vir a ter uma agravamento, o chefe de Estado prefere aguardar para ver a evolução dos juros.
"A inflação está a descer. Depende muito da posição do BCE manter a mesma política de juros, embora mais suave, ou começar a admitir que para a economia arrancar mais depressa o risco da inflação já não compensa uma política de juros tão alta. Há muitas promessas, cá dentro e lá fora, de uma queda acentuada da inflação. Todos desejamos isso, vamos ver se isso acontece", afirmou Marcelo.
"Pode haver situação económica boa e a política não ser"
Comentando também a descida do desemprego e da inflação em Portugal, Marcelo avisou que está a acompanhar as três situações do país - a económica, social e política - e que, apesar de a situação económica ser boa, a política pode não o ser.
"Vemos que o turismo e o crescimento dão sinais de uma evolução positiva. É muito importante ver três coisas: situação económica, situação social e política, porque pode haver situação económica boa, situação social pacífica e a situação polícia não o ser e o Presidente da República tem de acompanhar as três. O Presidente tem de ir acompanhando essa interação. Desejamos todos que a economia melhore, que a situação social melhore e a política também", alertou Marcelo.
"Acompanho com muita atenção o que se passa em Espanha"
Em Espanha, as eleições antecipadas ditaram uma viragem à direita e Marcelo diz estar a acompanhar "com muita atenção" o que se passa no país vizinho.
"Cada país é soberano. Acompanho com muita atenção o que se passa em Espanha, que vai ter também a presidência da União Europeia já dentro de um mês. Espero que seja uma boa presidência, qualquer que seja a decisão do eleitorado espanhol. Não altera muito o que se passa porque aquilo que importa é acompanhar a situação económica, social e política portuguesa", acrescentou o Presidente da República.