Aumentar salário a médicos? Como "presidente do sindicato dos portugueses", Costa tem outras prioridades
António Costa lembra que tem de escolher como vai distribuir recursos"limitados" pelas "múltiplas" necessidades do país.
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António Costa diz que aumentar os salários dos médicos não faz parte das prioridades do Governo. Como o orçamento não estica, cabe-lhe defender os interesses dos Estado, já que é "presidente do sindicato dos portugueses".
"Cada um tem as suas razões. Eu aqui não sou do sindicato dos médicos", respondeu o primeiro-ministro quando questionado pelos jornalistas sobre a greve dos médicos, que esta quarta-feira iniciaram dois dias de paralisação para exigir "salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um SNS à altura das necessidades" da população.
"Quem representa os sindicatos terá uma posição, dizendo que o copo está meio vazio. E quem representa os contribuintes, terá uma visão, porventura, de dizer que o copo está mais cheio", reforçou Costa, prometendo manter o diálogo com os médicos. "Não podemos querer esse milagre que não existe, que é "vamos cobrar menos impostos e vamos pagar mais a toda a gente, e vamos aumentar mais o investimento público."
"Quando eu digo que sou presidente do sindicato dos portugueses é por uma simples razão: é que a mim o que me compete fazer é procurar ver qual é a forma mais justa entre os recursos que os portugueses me confiam e os recursos que, em nome dos portugueses, eu atribuo às diferentes necessidades do país", argumenta o chefe de Governo.
"E o país tem múltiplas necessidades: na área de segurança, na área de defesa, na área do ensino superior, na área da investigação, tem de reforçar a capacidade de as autarquias locais responderem às novas competências, tem necessidade de satisfazer as aspirações legítimas de quem dedica a sua vida à investigação, tem de necessidade de satisfazer as necessidades de quem presta ao país uma colaboração extraordinária que é assegurar o funcionamento do SNS e a prestação de cuidados médicos", enumera.
"Portanto, entre as necessidades que, diria, são quase ilimitadas e os recursos que por, muito que sejam, são sempre bastante limitados, há essa gestão que tem de ser feita."
António Costa garante que o orçamento do SNS aumentou 56% desde 2016 e que "houve um aumento líquido do número de profissionais", mais 25.000 do que nesse ano. Nesta legislatura, diz, a prioridade do Governo "é reforçar a qualidade da gestão e melhorar a eficiência do SNS".
"Aprovámos no ano passado uma reforma fundamental, que foi o novo estatuto do SNS. A primeira medida do estatuto do SNS que implantamos foi a criação da direção executiva. A direção executiva já está implantada, já está a funcionar, já está a introduzir melhorias significativas no sistema. (...) a segunda medida que está prevista é a generalização das unidades de saúde familiar modelo B."
"Depois há uma terceira dimensão, que é a chamada "dedicação plena". A dedicação plena" e visa ter um novo regime contratual com os com os médicos, de forma a que possa haver não só um aumento da sua remuneração, que é justo e correto, mas também haver um maior número de horas dedicadas a podemos ter mais consultas e podemos ter a situação das urgências estabilizadas", aponta.