Rui Tavares relembra o movimento dos coletes amarelos, em França.
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Rui Tavares defende um equilíbrio para que as pessoas não se revoltem contra as medidas orçamentais e faz uma comparação com o movimento dos coletes amarelos, em França.
"A justiça ambiental só se pode fazer com justiça social também. Se nós fizermos ou tentarmos fazer uma transição ecológica que não traga as pessoas consigo e se dissermos que a transição ecológica, para as pessoas da classe média e da classe média baixa, vai significar sacrifícios, nós podemos ter fenómenos como em França, com os coletes amarelos, e virar uma parte da população contra a própria transição ecológica, porque as pessoas dirão que são sempre os mesmos a fazer os sacrifícios", afirma Rui Tavares, em entrevista na Manhã TSF.
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O Livre propõe um fundo de emergência para a habitação para o qual deve contribuir uma percentagem da venda de casa a milionários. Rui Tavares indica que a proposta do Livre incide na criação de uma sobretaxa do IMT de 20%.
"Quem tem dinheiro para pagar a pronto uma casa de um milhão de euros em Portugal, muito provavelmente deve pagar 1,2 milhões. O que nós propomos é uma sobretaxa do IMT de 20%, que faz uma de duas coisas: ou faz com que a procura diminua e, se a procura diminuir, porque muitos dizem-nos que o imposto não funciona uma vez que, nesse caso, esses milionários globais vão para outro lado e não compram casa aqui e isso permite-nos arrefecer o mercado e que haja um bocadinho mais de oferta para a muita procura que há, portanto, diminuir um pouco a procura", explica.
Por outro lado, "há outros que nos dizem que esse imposto não funciona porque a este nível de recursos, estes milionários globais são insensíveis ao preço e quem paga um milhão paga 1,2 milhões".
"Então nesse caso que paguem 1,2 milhões e que 200 mil vão, a cada transação, para este fundo de emergência à habitação, porque isso permitirá fazer as contas pelos montantes de 2022 e ter mais de cem milhões de euros que permitem fazer face à emergência da habitação", considera.
A proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2024 vai ser discutida na generalidade em plenário nos dias 30 e 31 de outubro. A votação final global está agendada para o dia 29 de novembro.