Os vários partidos vão deixar a Justiça atuar "no seu tempo", mas a direita insiste que o Governo tem responsabilidade política no caso de Tancos.
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A deputada do PSD Berta Cabral acusa o PS e a restante esquerda de terem retirado do relatório da comissão as referências à eventual responsabilidade do antigo ministro da Defesa, agora constituído arguido no caso de Tancos.
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A antiga Secretária de estado da Defesa, ouvida esta sexta-feira pelo jornalista Manuel Acácio no Fórum TSF, não recusa o cenário de reabertura da comissão, face a estes novos acontecimentos , mas também diz que é preciso esperar.
"Se houver necessidade de reabrir a Comissão logo veremos, depende muito da evolução dos acontecimentos. Hoje tomámos conta deste novo facto. Não sei o que é que os partidos poderão daí concluir ou retirar, no sentido de reabrir o processo. Penso que ainda temos de esperar mais algum tempo."
Esperar é também a ideia de João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda, que no Fórum TSF, disse que muitas das responsabilidades politicas foram anotadas pelo relatório.
"No relatório apenas conseguimos introduzir algumas conclusões que apontam para situações em que o ministro terá desvalorizado o facto, não terá atuado devidamente e isso está plasmado nas conclusões. Agora, temos de esperar que a Justiça faça o seu caminho."
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Pelo Partido Socialista, o deputado Ricardo Bexiga sublinha que o antigo ministro Azeredo Lopes não foi considerado culpado de nada. O socialista acredita que a decisão não vai prejudicar o Partido Socialista.
"Desde logo, porque o professor Azeredo Lopes nem sequer é militante do Partido Socialista, já não faz parte do Governo e nós do ponto de vista de responsabilidade política, no âmbito dos trabalhos e das conclusões da comissão de inquérito, não apurámos quaisquer factos que permitissem responsabilizar quer o professor Azeredo Lopes quer qualquer membro do Governo."
Ricardo Bexiga afasta a possibilidade de uma uma eventual reabertura da comissão parlamentar de inquérito.
"É uma matéria que não está, neste momento, em cima da mesa e, sobretudo, é uma matéria que será decidida já não neste legislatura, mas na próxima legislatura com uma nova composição da Assembleia de República no quadro das eleições de outubro."
No mesmo plano, o deputado do PCP Jorge Machado considerou que o trabalho da comissão parlamentar de inquérito não é posto em causa pelo facto de Azeredo Lopes ter sido constituído arguido. O deputado comunista realça que as leituras políticas só devem ser feitas depois do trabalho da Justiça.
"Tudo depende do que vier na acusação e o que for concluído pela investigação judicial. Se houver leituras políticas a retirar daquilo que foi o comportamento do ministro da Defesa ou do Governo, naturalmente faremos essa leitura depois de concluído o processo-crime. Até lá, teremos de aguardar e deixar a Justiça funcionar."
O deputado do CDS, Telmo Correia, também sublinha que o tempo é da justiça, mas reafirma que é preciso apurar mais responsabilidades do Governo: "Há que saber o que é que o Governo no seu todo sabia, como é que é possível que o primeiro-ministro durante um ano nem tenha sido informado pelo então ministro Azeredo Lopes nem tenha tido o cuidado de perguntar sobre esta matéria."
"Haverá algum cuidado para respeitarmos o tempo e o espaço da Justiça que é um tempo e um espaço completamente diferente daquele da política", rematou Telmo Correia.
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*com Manuel Acácio, Nuno Domingues e Cristina Lai Men