BE acusa Capitão Ferreira de "arrogância" e insiste em auditoria externa ao Ministério da Defesa
Mariana Mortágua critica o ex-secretário de Estado, que se recusou a ser ouvido no Parlamento, e lembra que terão, então, de ser os ministros da tutela a prestar explicações ao país.
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O Bloco de Esquerda (BE) defende que Marco Capitão Ferreira não está acima de escrutínio e que é preciso uma auditoria externa ao Ministério da Defesa, para esclarecer tudo o que se passou.
O secretário de Estado da Defesa demissionário abandonou o Governo na última semana, quando ocorreram buscas no Ministério da Defesa, tendo sido constituído arguido por suspeitas de corrupção e participação económica em negócio. Na última noite, Marco Capitão Ferreira fez saber que não iria prestar esclarecimentos sobre o caso na Assembleia da República, como tinha sido chamado a fazer.
A líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considera que a recusa de Marco Capitão Ferreira em ir ao Parlamento é um sinal de que a maioria socialista acha que tem poder absoluto.
"É mais um exemplo desse autoritarismo, dessa resposta de quem acha que está acima de todo o escrutínio porque tem uma maioria absoluta, tem um poder absoluto", atira, em declarações à margem de uma visita ao Centro de Alojamento de Emergência Municipal de Santa Bárbara, em Lisboa.
"Não é assim. Não está acima de escrutínio, terá de ser escrutinado, e todas estas notícias que temos sobre contratos no Ministério da Defesa tornam cada vez mais válida a ideia de que não se trata de um caso isolado, mas, sim, de um problema reiterado", sublinha Mariana Mortágua.
Para a coordenadora do BE, é preciso "uma auditoria" e ela "não pode ser feita pelos serviços do Ministério da Defesa". "Tem de ser uma auditoria pública, séria. Acho que o Tribunal de Contas seria a melhor entidade para poder auditar e perceber o que se passa", sugere. "Falamos de dinheiro público, falamos de um ministério com muita importância e que tem de ser escrutinado".
A líder do Bloco de Esquerda insiste ainda que, se não é possível obrigar Marco Capitão Ferreira a dar explicações, terão de ser os ministros João Gomes Cravinho e Helena Carreiras, anterior e atual detentores da pasta, a dá-las.
"O ex-secretário de Estado pode - não deve - dar-se a o luxo de se negar a ir à Assembleia da República (...), numa atitude de arrogância até para com o cargo que desempenhou e para as responsabilidades que teve. Os ministros em funções não podem fazê-lo", adverte. "O Bloco de Esquerda já anunciou que os ia chamar, vamos insistir nesses requerimentos. Têm a obrigação de dar respostas", conclui.