Mariana Mortágua transmitiu ao Presidente da República a preocupação com a "deriva autoritária" do Governo e dá exemplos: telefonema do MAI à RTP, escândalo na defesa e relatório da CPI à gestão da TAP.
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O Bloco de Esquerda foi a Belém transmitir preocupações com "o processo estrutural de empobrecimento do país", mas levou uma acusação preparada para fazer ao Governo: "deriva autoritária".
Fazendo eco das críticas dos restantes partidos ouvidos esta tarde, a coordenadora do Bloco de Esquerda destaca que "perante a incapacidade para resolver os problemas do país, perante a incapacidade para apresentar propostas que resolvam a saúde, a educação, o empobrecimento, a crise da habitação, o Governo se deixe cair numa tentação autoritária, numa deriva autoritária que acha que a maioria absoluta lhe vale só por si mesmo sem resolver a vida das pessoas".
Para Mariana Mortágua, essa "deriva" é evidente em casos como o de um ministro que "tenta interferir com a televisão pública" (leia-se telefonema do ministro da Administração Interna para a administração da RTP a propósito do cartoon da polícia), nas "perigosas e gravíssimas suspeitas de corrupção no ministério da Defesa e perante a gravidade desse problema, o primeiro-ministro diz que os portugueses não querem saber da corrupção como se algum português não quisesse saber da corrupção", ou ainda "no caso da Comissão de Inquérito à TAP" onde "o Governo começa por enxovalhar a CPI, começa por enxovalhar os deputados que pertenceram e que fizeram um trabalho na comissão de inquérito, quando na verdade, até os episódios mais rocambolescos dessa comissão tiveram um responsável que foi o Governo e tiveram um responsável em particular que foi o ministro João Galamba".
Precisamente no caso da CPI, Mariana Mortágua puxa da experiência pessoal neste tipo de trabalho para dizer que "nunca tinha visto" um relatório "que apaga uma parte da história".
Questionada sobre que atuação deve ter Marcelo Rebelo de Sousa perante aquela a que chama de "deriva autoritária", Mariana Mortágua desvia-se porque diz que não quer interferir na atuação do Presidente e diz que as expectativas que tem em relação a isso são deixadas para outros cenários.
"A atuação do senhor Presidente da República terá de ser ele, obviamente, a decidir e a ponderar", conclui a coordenadora do Bloco.