"O que é que faz falta a Lisboa? Um pólo central para pessoas sem-abrigo ou mais um hotel?"
O atual espaço do quartel de Santa Bárbara vai deixar de receber pessoas sem-abrigo para dar lugar a arrendamento acessível. Autarquia pretende transferir utentes para centros de menor dimensão, dispersos pela cidade, mas o Bloco de Esquerda discorda.
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O Bloco de Esquerda quer que o centro de alojamento de emergência para pessoas sem-abrigo, no quartel de Santa Bárbara, em Lisboa, passe a funcionar no antigo hospital psiquiátrico Miguel Bombarda, onde - além de lotes de habitação e uma escola - está planeado construir um hotel.
O atual centro do quartel de Santa Bárbara vai ser desmantelado, até ao final de setembro, para dar lugar a habitação de arrendamento acessível, por decisão do Governo.
O espaço tinha acolhido estas funções, como solução de emergência e temporária, em 2021, durante a pandemia de Covid-19, oferecendo, além de camas, apoio social e médico para as pessoas em situação sem-abrigo.
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O antigo quartel, que tinha capacidade máxima para acolher cerca de 130 pessoas, recebe, nesta altura, 82. Em outubro, não restará nenhuma. A Câmara Municipal de Lisboa pretende transferir estes utentes para outros centros, de menor dimensão, dispersos pela cidade.
Os argumentos de que estar em espaços mais pequenos, menos lotados, vai trazer um acompanhamento mais personalizado e mais privacidade a estas pessoas em situação de sem-abrigo não convence, contudo, a líder do Bloco de Esquerda, que visitou, esta quarta-feira, o centro de Santa Bárbara.
"A responsabilidade de encontrar uma resposta alternativa é do executivo de Carlos Moedas. O que tem dito o presidente da câmara é que, em vez de um centro integrado, no centro da cidade, se vão espalhar as pessoas por quatro centros diferentes, em zonas periféricas", afirma Mariana Mortágua.
A coordenadora do Bloco de Esquerda frisa que as pessoas sem-abrigo "são seres humanos" e, como tal, "têm laços sociais com o sítio onde vivem", pelo que, defende, "não podem ser enviadas para o outro lado da cidade simplesmente porque um presidente da câmara sem qualquer tipo de sensibilidade assim o decidiu".
Mariana Mortágua sugere, por isso, uma outra solução: "O antigo hospital Miguel Bombarda, aqui perto, também no centro da cidade, com características muito próximas destas" - que, refere, "está fechado" e onde se planeia construir um hotel.
"O que é que faz falta a Lisboa?", questiona Mortágua. Um centro para a população sem-abrigo ou "mais um hotel"?.