Para Mariana Mortágua a solução pode ser imediata: limitar as rendas para 2024.
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A líder do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua, acusou este sábado o Governo de "fazer a derradeira admissão da sua incompetência para lidar com o problema da habitação", após ter enviado uma carta à Comissão Europeia a pedir ajuda na resolução de problemas que são, considerou, da "responsabilidade de António Costa.
"Acho que podemos concordar que não será a Comissão Europeia que irá aterrar na Portela para vir a Portugal controlar rendas ou terminar obras de casas públicas, que o Estado e o Governo tinham prometido fazer e não fizeram. Essa é uma responsabilidade do Governo e de António Costa", disse Mariana Mortágua, em declarações aos jornalistas, em Viseu, onde visitou o Mercado dos Produtores.
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Para a bloquista, a solução "pode ser tomada imediatamente".
"Não há razão de impor ansiedade a milhares de pessoas. O mínimo que tem de ser feito é dizer às pessoas qual vai ser o aumento [das rendas] em 2024 e esse aumento tem de ser tabelado antes do surto de inflação", defendeu, adiantando que esta será uma das propostas do partido.
Mariana Mortágua referiu ainda a subida de juros e a "dificuldade em encontrar casa, quer para comprar quer para alugar".
No seu entender, "há uma, duas gerações de pessoas que não conseguem sair de casa dos pais e que não conseguem ter projetos de vida e a habitação tornou-se metade, mais de metade, às vezes quase todo o orçamento familiar".
Neste sentido defendeu que "é preciso determinação para medidas muito fortes, não só para conter os preços, mas para baixar os preços" e o BE tem "duas propostas essenciais" para isso acontecer.
"Baixar os juros ao crédito à habitação. Não podemos tolerar que os bancos tenham lucros milionários à custa da vida de tanta gente que não consegue pagar o crédito (...) e os bancos têm de ser obrigados a reduzir os juros por contrapartida dos seus próprios lucros", propôs.
Uma segunda medida passa pelo "controlo de rendas, por tetos a rendas, tetos que sejam razoáveis, que se adequam à zona da cidade, à tipologia, ao tamanho das casas", porque "800 euros por uma casa em Viseu é incomportável", disse, tendo em conta o poder de compra da região.
"Da mesma forma que é incomportável pagar 1500 euros por uma casa em Lisboa, porque os salários não pagam estas rendas e por isso é necessário pagar rendas. São duas medidas simples que podem ser aplicadas já", disse.