Bispo das Forças Armadas defende diálogo entre Governo e associação de oficiais
Na sequência de troca de acusações entre o ministro da Defesa e a associação de oficiais, D. Januário Torgal Ferreira fala num estrondo que pode resultar num diálogo entre as duas partes, que já devia ter acontecido há muito tempo.
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No dia marcado pela carta aberta que a Associação de Oficiais das Forças Armadas enviou ao Ministro da Defesa e depois de Aguiar-Branco ter interpretado essa iniciativa como uma tentativa de «instrumentalização política», D. Januário Torgal Ferreira mostrou preocupação.
«Este Governo segue o princípio de "ou vai ou racha"», começou por criticar, defendendo que «tem de haver um diálogo muito sério», porque «as Forças Armadas não têm sido respeitadas nos seus objetivos e nos seus meios».
A solução deste problema seria possível, acredita o bispo das Forças Armadas, mas para isso era necessária uma sensibilidade social que não existe.
«Continuo a acreditar que tudo isto pode ser perfeitamente solucionado se houver uma grande capacidade de diálogo e uma grande sensibilidade aos problemas da justiça», acrescentou o bispo das Forças Armadas, frisando que já começa «a sentir o cheiro da queda do regime».
Januário Torgal Ferreira espera que militares e a tutela cheguem a acordo e que neste processo nenhuma das partes se sinta ofendida.
«Estas duas entidades têm de se entender, através de uma estrutura que foi sempre aceite, as chefias militares. Que ninguém se ofenda quando (...) surge um estrondo destes, não vale a pena as pessoas ficarem desorientadas, ainda que há muitos anos têm sido dados avisos», rematou.