Blocos de partos de Santa Maria e Caldas da Rainha vão fechar para obras no verão
No caso da maternidade do hospital de Santa Maria, as grávidas serão encaminhadas para o São Francisco Xavier. Já nas Caldas da Rainha, as grávidas vão passar a ser atendidas em Leiria.
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Os blocos de partos dos hospitais de Santa Maria e das Caldas da Rainha vão encerrar em breve para obras de remodelação, passando as grávidas a ser atendidas nos hospitais públicos mais próximos.
De acordo com o jornal Público, a maternidade do hospital de Santa Maria fecha em agosto para obras que podem prolongar-se durante um ano, sendo as grávidas encaminhadas, neste período, para o São Francisco Xavier, que vai ser reforçado com profissionais de saúde e equipamentos do Santa Maria. Nas Caldas da Rainha, o bloco de partos fecha para obras a 1 de junho e deverá reabrir em novembro. Neste caso, as grávidas passam a ser atendidas no Hospital de Leiria.
Para enfrentar o verão na região de Lisboa e apenas nos casos de grávidas com mais de 36 semanas e sem fatores de risco, os três hospitais privados CUF, Lusíadas e Luz foram convidados a dar uma ajuda temporária, se for necessário, ou seja, se houver um excesso na procura do Serviço Nacional de Saúde. E vão receber o mesmo que lhes é pago pela tabela da ADSE, isto é 1965 euros por um parto normal, 2175 euros por um parto instrumentado e 3005 euros por uma cesariana.
Estas são as principais novidades do plano de junho a setembro que a direção executiva do SNS delineou para este verão e que deverá ser apresentado na sexta-feira.
Relativamente aos partos, o Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos alertou na quarta-feira que a orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre os cuidados de saúde no parto levanta dúvidas que podem comprometer a segurança dos procedimentos.
Falta de planeamento
O presidente da Sociedade Portuguesa de Obstétrica e Medicina materno-infantil considera que a opção do Governo não é aceitável e revela "falta de planeamento."
"Obviamente que estas maternidades e outras no país precisam de renovação. Muitas destas estruturas já estavam outdated, há muitos anos que estavam a precisar de obras e há muito tempo que isto era falado. Como é que se vai fazer tudo em simultâneo, numa estrutura tão crítica é que me parece ser falta de estratégia de planeamento para as grávidas. O encerramento da maternidade do Santa Maria penso que não é algo aceitável", critica Nuno Clode.
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"Isto podia ter sido feito com melhor planeamento. Vamos saber que no final do mês encerrará uma das maiores maternidades do país. Não é altura ideal. Na altura do verão, em que as situações tendem a ser caóticas, em que não se resolveu o problema dos recursos humanos, a falta de médicos e enfermeiros. Portanto, a situação não melhora", sublinha.
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Para o presidente da Associação Portuguesa de Hospitalização Privada aplaude a decisão do Governo de recorrer aos privados para apoiar os partos na região da Grande Lisboa durante o verão, caso seja necessário.
"É uma medida sensata, inteligente e adequada. "Se o SNS perspetiva que vai ter alguns problemas com as maternidades nomeadamente porque há uma série delas que aqui na zona de Lisboa que vão estar em obras, o que me parece lógico, foi o que sempre achámos, é que os recursos existentes no sistema de saúde sejam aqueles equacionados onde eles existam", frisa Óscar Gaspar.
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O documento da DGS, divulgado em 12 de maio, "suscita dúvidas sobre questões relevantes, que podem comprometer de forma global o fluxo dos procedimentos, incluindo em termos de segurança", refere o parecer do colégio da especialidade, citado num comunicado da Ordem dos Médicos (OM).
Em causa está a orientação sobre os cuidados de saúde durante o trabalho de parto, que prevê, entre vários pontos, que o internamento hospitalar, nas situações de baixo risco, "pode ser realizado por um médico de obstetrícia e ginecologia ou por um enfermeiro especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica (EEESMO)".