"Bom não é!" Ventura admite que inquérito a Montenegro prejudica eventual aliança
O líder do Chega garante que se as suspeitas sobre o líder do PSD se avolumarem, será o Chega quem rejeitará formar uma maioria à direita, no futuro.
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André Ventura admite que a investigação aberta pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e que envolve Luís Montenegro pode prejudicar uma eventual aliança para uma maioria de direita. Em causa estão suspeitas de benefícios fiscais ao presidente do PSD, nas obras de uma casa em Espinho.
Em declarações aos jornalistas, esta tarde, à margem de uma visita a um quartel de bombeiros, em Lisboa, o líder do Chega afirmou que o partido está "fora" se as suspeitas sobre Luís Montenegro crescerem.
"Isto pode minar a credibilidade de uma alternativa à direita? Bom não é!", exclamou André Ventura. "Se houver uma carência de explicações ao momento em que for preciso formar essa alternativa e as suspeitas se avolumarem, nós estaremos fora disso. Isso é evidente", declarou.
André Ventura ressalva, no entanto, que acredita que, apesar de ter dito que não falará mais sobre o tema, chegará um momento em que Luís Montenegro terá mesmo de esclarecer publicamente todos os contornos do caso.
O presidente do Chega compara Montenegro a Lacerda Sales no polémico caso das gémeas - por não apresentar de imediato ao público toda a informação sobre o caso, reservando-a para as entidades judiciais.
Ventura avisa que se o líder do PSD não esclarecer tudo, estará a lesar a democracia e a campanha para as legislativas.
"Luís Montenegro tem o mesmo direito à presunção da inocência que todos. Não é isso que está em causa", frisou, notando, contudo, que os políticos têm "um dever acrescido de dar explicações".
"Quando se diz: "Eu, a partir de hoje, não falo mais nisto. Eu, a partir de hoje, só dou os elementos na Justiça" - sabendo que a Justiça, pelos tempos próprios do processo, não vai atuar nos próximos dias ou semanas - é permitir que isto contamine a campanha eleitoral", defendeu Ventura.
O líder do Chega sublinhou ainda que, apesar de tudo, não se pode cair num discurso de descredibilização da Justiça e que "espera" que o PSD "não caia nesse erro".