Bombeiros estão "envergonhados", mas confiantes de que caso no Fundão não belisca confiança da população

Reinaldo Rodrigues (arquivo)
Onze bombeiros voluntários foram detidos pela forte suspeita de terem praticado, em duas ocasiões distintas, dentro do quartel do Fundão e de Soalheira, dois crimes de violação e um de coação sexual. À TSF, o líder da Liga dos Bombeiros Portugueses sublinha que este é um "caso isolado" e ressalva que o "princípio da inocência" deve ser tido em conta
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) assume que é com "preocupação" que encara a notícia de que 11 bombeiros do Fundão foram detidos por suspeita de crimes de violação e coação sexual, dos quais terá sido vítima um outro bombeiro. António Nunes está, contudo, confiante de que não é este "caso isolado de um comportamento incorreto" que vai "manchar" o trabalho destes profissionais.
Em comunicado enviado às redações, a Polícia Judiciária revelou que, 11 bombeiros voluntários da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Fundão, foram detidos pela forte suspeita de terem praticado, em duas ocasiões distintas, dentro do quartel do Fundão e de Soalheira, dois crimes de violação e um de coação sexual.
Em declarações à TSF, António Nunes ressalva desde logo que a LBP tem de partir do "princípio da inocência" e sublinha que este é um "caso circunscrito num determinado momento e numa determinada circunstância". Ainda assim, assume que este é um caso que "certamente" deixa todos os bombeiros "envergonhados".
"Em particular o próprio corpo de bombeiros - que terá a sua ação disciplinar sobre esses elementos. Tudo isso é inaceitável, não deveria acontecer, não pode acontecer", vinca.
Já quando questionado sobre se este caso vai beliscar a confiança dos portugueses nos bombeiros, o líder da LBP descarta essa possibilidade.
"A população acredita nos bombeiros. Há mais de 600 anos que prestamos serviço às populações e não pode ser um caso isolado de comportamento incorreto que vá manchar aquilo que é o trabalho diário em defesa das populações", argumenta.
Os alegados crimes terão ocorrido no contexto de uma "duvidosa praxe". Apesar de ter conhecimento da ocorrência de algumas iniciativas, garante que nenhuma se assemelha a esta.
"As praxes, hoje, eu diria que se passam em todas as organizações onde têm um movimento forte de massas. Agora, nunca ouvi praxes como essas. Eu posso-lhe descrever uma praxe: é normal que, quando um comandante toma posse de um corpo de bombeiros, seja molhado pelo corpo de bombeiros. Agora, situações destas - que violam a dignidade das pessoas - são inaceitáveis", frisa.
Segundo a PJ, a vítima é também um bombeiro, com 19 anos, que foi "sujeito a atos sexuais violentos, numa duvidosa praxe, pois seriam os seus dois primeiros serviços". A "investigação teve o seu início numa queixa efetuada pela própria vítima, suportada e apoiada pelo Comando da referida corporação que, em todo o momento, colaborou com esta Polícia".
Os detidos na operação "Integridade" serão presentes à autoridade judiciária competente para aplicação de adequadas medidas de coação.
O inquérito é titulado pelo Ministério Público de Castelo Branco.
