Reuniões secretas? Brilhante Dias não conhece outras nesta legislatura, mas deputados reúnem-se "com quem entendem"
O líder parlamentar do PS seguiu a versão do Governo e sublinhou que a participação de Christine Ourmières aconteceu a pedido da própria.
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Uma semana depois de a polémica reunião ter sido revelada na comissão parlamentar de inquérito à gestão da TAP, o líder parlamentar socialista falou pela primeira vez sobre o assunto. Eurico Brilhante Dias sublinha que a antiga CEO da TAP participou na reunião preparatória, na véspera de ser ouvida no Parlamento "por vontade própria" e defende que os deputados têm o direito de reunir-se "com quem entendem".
Embora assuma que as reuniões com membros do setor empresarial do Estado "não são usuais", e 99,9 por cento das reuniões dos socialistas são para "processos legislativos e audições parlamentares de membros do Governo, Eurico Brilhante Dias defende a posição já expressa pelo Governo e garante que nesta legislatura "não conhece" nenhum caso idêntico.
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"Foi uma reunião preparatória da audição, e que contou com presença da antiga CEO da TAP a pedido da própria. A pedido da própria", repetiu.
O líder da bancada socialista considera que os 230 deputados, não só os do PS, mas também os da oposição, têm total liberdade para "fazerem reuniões preparatórias com quem entendem e quando entendem".
Aos jornalistas, Eurico Brilhante Dias não avançou com outros exemplos, mas garantiu que as "reuniões preparatórias" são comuns, seja em tempos de governação socialista, ou no passado, com Executivos liderados pelo PSD e pelo CDS.
"Nesta sessão legislativa só conheço este caso, nenhum outro, mas no passado sabe-se que há reuniões preparatórias de partidos que apoiam o Governo, que tiveram membros da administração pública ou do setor empresarial do Estado. Não é comum ou usual, mas já ocorreu", acrescentou.
Eurico Brilhante Dias soube da reunião só depois do deputado Carlos Pereira ter-se reunido com a antiga CEO da TAP e membros do Governo. A articulação foi do ministério dos Assuntos Parlamentares, liderado por Ana Catarina Mendes.
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O socialista garante que não houve qualquer tentativa de condicionar as respostas da antiga CEO da TAP, lembrando as palavras de Christine Ourmières-Widener na comissão de inquérito à gestão da TAP.
"Nós continuemos a trabalhar, fazendo reuniões preparatórias. Aquilo que aconteceu, em particular, como disse a ex-CEO é que não foi condicionada, disse-o duas vezes", sustentou.
No entanto, se foi a CEO da TAP a pedir para participar na reunião, como é que Christine Ourmières-Widener soube que o PS e elementos do Governo iam preparar a audição dela? Eurico Brilhante Dias pede que a pergunta seja feita à própria, ainda assim, desvaloriza.
"É uma pergunta que não posso responder, mas é absolutamente irrelevante", disse.
Eurico Brilhante Dias apela a todos os partidos que a comissão de inquérito à TAP decorra com "normalidade e humildade".
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