Bruxelas proíbe tintas de tatuagem perigosas. Tatuadores sem alternativas para trabalhar
Em causa está a proibição de materiais com que os tatuadores trabalham diariamente, entre os quais pigmentos para os quais não há alternativas disponíveis no mercado.
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A Comissão Europeia afirma que está em causa a saúde pública e proibiu a utilização em tatuagens de tintas com químicos alegadamente prejudiciais à saúde. Há uma lista de corantes, aromatizantes, metais e metanol que já não podem ser usados. A situação está a criar agitação entre os tatuadores porque, em alguns casos, não há tintas alternativas disponíveis no mercado.
Os químicos em causa são suspeitos de provocar alergias, mutações genéticas e até mesmo cancro, por isso, em Portugal, a Associação de Profissionais de Tattoo e Body Piercing não hesita em colocar a saúde dos cidadãos em primeiro lugar, mas admite que as novas limitações estão a criar alguma confusão no setor.
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"Podemos trabalhar com algumas tintas? Onde está a lista de tintas? Está um pouco confusa toda a situação", afirma Filipe Gil, representante da Associação de Profissionais de Tattoo e Body Piercing, acrescentando que não houve diretrizes por parte das autoridades portuguesas.
Em causa está a proibição de materiais com que os tatuadores trabalham diariamente, entre os quais dois pigmentos - o azul 15:3 e o verde 7 - para os quais nem sequer há alternativas disponíveis, após a proibição das velhas tintas.
Filipe Gil conta que, sendo "tatuador de cores", esta mudança na lei tirou-lhe "mais de metade da paleta" que tinha disponível. "Fiquei quase só com [as cores] vermelho e preto para trabalhar. Acaba por ser um corte grande", lamenta, manifestando a esperança de que sejam descobertas alternativas viáveis.
A Comissão Europeia deu ao mercado das tintas para tatuagens um ano para encontrar novas soluções, mas os tatuadores temem pelo negócio, que já tinha sido fortemente atingido pela pandemia de Covid-19.
"Com o confinamento, o que aconteceu foi um desenvolvimento muito grande do mercado paralelo. Os profissionais fidedignos pararam todos de trabalhar, mas, com a facilidade com que se consegue comprar material, houve uma série de pessoas que começaram a trabalhar e até rebentaram com o nosso próprio mercado de trabalho, em que temos espaços comerciais especialmente dedicados", queixa-se o representante da Associação de Profissionais de Tattoo e Body Piercing. Até porque são esses mesmo tatuadores clandestinos, alerta, que podem escapar à fiscalização das novas tintas.
Os profissionais pedem, por isso, que sejam dados passos para a dignificação da profissão. "As pessoas julgam que isto são só desenhinhos, mas estamos a falar de uma coisa que envolve saúde. Seria muito importante haver uma legislação que uniformizasse tudo", declara Filipe Gil.
Neste sentido, a Associação de Profissionais de Tattoo e Body Piercing revela que está já em conversas com os grupos parlamentares do PAN e do PEV, com o objetivo de avançar com propostas para a regulamentação do setor da tatuagem.