Deco revela que, só nos primeiros cinco meses de 2023, já recebeu mais denúncias do que o total de 176 em todo o ano passado. Esquema passa pela criação de cartões virtuais em nome das vítimas, que são depois usados para fazer compras online em valores que chegam aos milhares de euros.
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O esquema é um clássico das fraudes na internet: a vítima recebe uma mensagem de telemóvel ou um e-mail que pensa ser no qual lhe é pedido que aceda a uma página que se faz passar como fidedigna e nela forneça dados pessoais e/ou de pagamento. Concluído o processo - conhecido como phishing - quem está por detrás da página falsa passa a ter na sua posse os dados fornecidos pela vítima e, assim, pode aceder e controlar operações em nome desta. É o que está a acontecer aos clientes do cartão Universo, um cartão de crédito associado ao grupo Sonae.
A Deco Proteste conta que, só até ao final do corrente mês de maio, já recebeu mais denúncias do que em todo o ano de 2022, em que registou 176. O que está a acontecer aos clientes deste cartão é que, depois de acederem à página falsa construída pelos atacantes - semelhante à página real do cartão - são levados a fornecer os seus dados de autenticação pensando estar, assim, a aceder à sua área pessoal por meios fidedignos. É aí que, no que é afinal uma página de fachada, os atacantes capturam os dados e passam a ter acesso às contas das vítimas.
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No esquema, pedem ainda às vítimas que forneçam um código de validação. Apesar de este código ser enviado aos clientes claramente identificado como um passo para a criação de um cartão virtual - que, nestes casos, não o pediram -, as vítimas são levadas a fornecer também este código aos atacantes.
Com todos os elementos na sua posse, explica à TSF Margarida Zacarias, especialista da Deco Proteste em produtos bancários, estes últimos criam "cartões virtuais que depois são utilizados para fazer compras online e, em termos de valores, vão desde algumas centenas a milhares de euros".
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A Deco Proteste assinala que, em casos como este, "muitas vezes o remetente pode parecer fidedigno e não é. São terceiros a fazer-se passar pela entidade bancária".
Entre os conselhos da associação para evitar situações destas estão "nunca clicar em links que vêm por SMS ou por e-mail", ter "atenção a todas as comunicações e, numa mensagem que é recebida, ler tudo o que está na mensagem porque a própria mensagem vem com código e diz qual é que é a finalidade do código, que é para fazer uma compra ou para criar um cartão".
"Se a pessoa não está a fazer essa transação que vem descrita na mensagem", a Deco Proteste aconselha o contacto "imediato com a entidade bancária que parece estar por detrás do envio dessa mensagem para confirmar" o que está a acontecer.
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Caso a burla aconteça ou um cliente "desconfie que existe alguma situação estranha na conta bancária ou no cartão", a Deco Proteste aconselha o contacto imediato com a instituição bancária responsável para pedir o "cancelamento do cartão de crédito ou do homebanking, se desconfiar que alguém tem acesso aos dados de login".
No caso de serem identificados "movimentos que não reconhece no cartão", a vítima deve "fazer a participação dos mesmos na entidade policial e fazer a reclamação junto da instituição bancária".
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A Deco Proteste assinala ainda que, caso exista mesmo um pagamento indevido, o consumidor só pode ser responsabilizado por um montante máximo de 50 euros. Para valores superiores, a instituição bancária tem de provar que foi o cliente "quem fez as transações, ou que atuou de forma fraudulenta, negligente ou com dolo".