O presidente do sindicato acusa o Governo de ter dado uma pirueta em relação à companhia aérea.
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O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, Ricardo Penarroias, admite que não tem informações para afirmar se é contra ou a favor destes termos da privatização, mas admite que receia pelo futuro dos trabalhadores da TAP.
"O ponto em comum em que todos os representantes sindicais e vários comentadores falam é o hub de Lisboa. A importância do hub de Lisboa é fundamental. Se a companhia que nos venha a adquirir tiver o hub principal muito próximo de Lisboa, o risco de o hub de Lisboa perder importância é muito grande e, consequentemente, perde a importância. A companhia perde dimensão, terá forçosamente diminuir os trabalhadores e isto tem consequências graves. Não só para quem hoje trabalha na TAP, mas sobretudo para o próprio país", explicou à TSF Ricardo Penarroias.
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O responsável acusa o Governo de ter dado uma pirueta em relação à companhia aérea.
"É uma cambalhota total. Não esquecer que este Executivo, com outros intervenientes mas o mesmo primeiro-ministro, na altura quis reverter os 51% do privado. Quis reverter e agora está disponível a fazê-lo quando a empresa está apresentar resultados históricos, quando está finalmente a ter um trabalho bem feito por parte da administração, ou seja, também o público pode dar dinheiro. Este mito de que só o privado é que poderá dar dinheiro é errado", afirmou o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil.
Já Tiago Faria Lopes, o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil, não ficou otimista com os planos do Governo e diz que é importante conhecer o caderno de encargos.
"Se o Governo vender 95% da empresa, o que é que vai ser feito na empresa? E a quem é que vai vender? E em que moldes? Falta o caderno de encargos saber. Porquê? Porque já sabemos também que o Governo não quer nem sequer ouvir outros grupos sem ser de aviação e sabemos que os players que estão em cima da mesa para comprar a TAP, nomeadamente o Grupo Air France, o Grupo IAG e o Grupo Lufthansa, temos que saber como é que agem no mercado. Se compram companhias para levá-las à falência, para destruí-las, se compram para diminuir, para manter ou para aumentar. Não creio que essas companhias venham comprar a TAP em Portugal devido à nossa situação geográfica, que é de perfeição para todos nós. Somos concorrentes diretos para eles, ganhamos muito dinheiro em relação a eles, nomeadamente na América do Norte, América do Sul e África Subsariana. A não ser que o Governo consiga trancar muito bem a venda", questionou Tiago Faria Lopes.
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O Governo anunciou esta quinta-feira a intenção de alienar pelo menos 51% do capital da TAP, reservando até 5% aos trabalhadores, e quer aprovar em Conselho de Ministros até ao final do ano, ou "o mais tardar" no início de 2024, o caderno de encargos da privatização da TAP.