"Privatização é mau negócio." Comissão de trabalhadores da TAP quer Estado "com 100% da empresa"
Para Cristina Carrilho, deixar apenas 5% das ações nas mãos dos trabalhadores não vai mudar nada.
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A coordenadora da Comissão de Trabalhadores da TAP, Cristina Carrilho, continua a defender que o Estado deve ficar com a totalidade da empresa e considera que a privatização é um mau negócio.
"Tudo o que envolva uma nova privatização da empresa, uma nova tentativa de privatização da empresa, para nós é uma má escolha porque poderá ser muito mau negócio, como já tem sido no passado. Historicamente nós já vimos que as privatizações da TAP normalmente não correm bem e que resultam em prejuízos para os portugueses, para o Estado e para o próprio país. Portanto, a nosso ver, o Estado deve ficar com 100% da empresa. Chamar-lhe-ia um mal porque temos defendido ao longo do tempo que a TAP só serve o país, só serve a diáspora e só serve países de língua oficial portuguesa se for da esfera do Estado", explicou à TSF Cristina Carrilho.
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Para a Comissão de Trabalhadores, ficarem apenas 5% das ações nas mãos dos trabalhadores, como foi anunciado no final do Conselho de Ministros, não vai mudar nada.
"Os trabalhadores acabam por não ter uma representação de força, uma representação que consiga influenciar decisões ao nível dos acionistas. Portanto, acho que esses 5% é só mesmo para cumprir o que está na lei e pronto, não é que haja um desejo efetivo que os trabalhadores tenham a palavra a dizer depois na gestão da empresa", acrescentou a coordenadora da Comissão de Trabalhadores da TAP.
O Governo quer aprovar em Conselho de Ministros até ao final do ano, ou "o mais tardar" no início de 2024, o caderno de encargos da privatização da TAP.
Os anúncios sobre a privatização da companhia foram feitos pelo ministro das Finanças, Fernando Medina, no final do Conselho de Ministros depois da aprovação do diploma que estabelece as condições para a reprivatização da companhia aérea.
Numa altura em que se começam a perfilar interessados à compra da companhia aérea que voltou ao controlo do Estado em 2020, este documento que enquadra as condições para a privatização da TAP terá de ser promulgado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que já mostrou favorável à venda.