"Cancele tudo, fique em casa. Portugal está em estado de guerra contra coronavírus"

Parlamento debate coronavírus
José Sena Goulão/Lusa
Parlamento alertou para a necessidade de cada um ser responsável por si e pelos outros.
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Algumas horas depois de o Governo ter apresentado as medidas para combater o novo surto de coronavírus em Portugal, o Parlamento debateu o tema, a pedido do CDS, com a ministra da Saúde a assegurar que as entidades responsáveis trabalharam para travar o Covid-19, mas admitindo que o país pode não estar preparado.
"Não estivemos parados e, contudo, como todos os outros, tememos não estar preparados porque não depende só de nós", começou por dizer a governante. Marta Temido anunciou que uma das medidas mais relevantes é a criação de um novo call center da linha de Saúde 24, com o intuito de atender duas mil chamadas em simultâneo
Nas respostas aos partidos, a governante não se adiantou, mas assegurou que haverá um reforço dos meios nos hospitais, nomeadamente camas e ventiladores. Relativamente aos testes para despistar casos de Covid-19, um dos temas abordados durante o debate, Marta Temido garantiu que estão a ser seguidas todas as recomendações das autoridades de saúde, o que vai continuar a acontecer no futuro.
Durante o debate, o deputado do PSD Ricardo Batista Leite deixou claro que tem de ser dado "todo o apoio ao Governo", já que "Portugal não pode ser outra Itália".
"Portugal está em estado de guerra contra coronavírus. Cancelem tudo, a saída, a praia, a festa, a conferência, o casamento, o batizado, a despedida de solteiro. Cancele tudo e fique em casa. Ao ficar em casa garante que há mais um médico, um enfermeiro, uma cama disponível para todos os que precisarão de um hospital", alertou o deputado.
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O CDS, por Telmo Correia e Ana Rita Bessa, deixou várias questões à ministra da Saúde, nomeadamente sobre a existência de camas, ventiladores e equipamentos para os profissionais de saúde, mas no final do debate pediu que "não haja hesitações em tomar medidas" por parte do Governo.
Ana Catarina Mendes, do PS, pediu que cada pessoa e cada família tenha "o seu plano de contingência" perante um "cenário grave" e que "não deve ser descurado". Ideia idêntica transmitiu o deputado do Bloco de Esquerda Moisés Ferreira: "Cada um de nós pode ser um agente para travar a evolução da doença."
Paula Santos, do PCP, reiterou a importância de reforçar o SNS e deixou um alerta: "O surto não pode ser pretexto para oportunismos [sobre] crise económica, trabalhadores têm de ter direitos e rendimentos assegurados." Também o PEV, por José Luís Ferreira, apelou a um "SNS robusto".
Na opinião do PAN, o teletrabalho deve ser "a grande aposta para garantir segurança e isolamento de todos", uma medida que permite "reduzir" os riscos de contacto.
Iniciativa Liberal e Chega acreditam que as medidas apresentadas pelo Governo são insuficientes, com André Ventura a pedir que "não haja medo" de tomar decisões.
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