Falta de mão de obra, diferentes procedimentos em relação à Covid-19 e falta de tecnologia mais avançada para rastreio dos passageiros podem explicar os atrasos, cancelamentos e longas filas de espera.
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Os fatores que estão a causar a confusão a que se tem assistido nos aeroportos são vários e não se devem apenas à vontade das pessoas voltarem a viajar. Na opinião do presidente do Turismo de Portugal, há inúmeros constrangimentos a ter em conta. "Há as questões relacionadas com a falta de mão de obra nos aeroportos e tudo o que anda à volta, como processamento de bagagens, check-ins, etc.", refere Luís Araújo.
Há igualmente, de acordo com o dirigente do Turismo, "muita indefinição à volta das regras em relação à Covid" nos diferentes aeroportos. Essa situação "causa prejuízos e incómodos a quem entra nos aeroportos europeus". "É um conjunto de fatores que prejudica a imagem do destino Europa", acrescenta.
Luís Araújo explica que os procedimentos nos aeroportos europeus em relação à Covid são uma questão que tem sido discutida a nível dos organismos da aviação e do turismo. "Já pedimos várias vezes à ECDC [Centro Europeu de Controlo de Doenças] que emitisse indicações em relação a esta fase (...) porque isso gera indefinições da parte do consumidor, principalmente aqueles que vêm dos mercados de longa distância", como sejam os Estados Unidos ou Brasil.
O presidente do Turismo de Portugal explica também que estão em estudo uma série de procedimentos para que deixem de se verificar as confusões a que se têm assistido e que os aeroportos nacionais deixem de ser um mau cartão de visita à entrada do país. "A curto prazo, os planos de emergência para eliminar ao máximo as restrições e facilitar o acesso, e a longo prazo a aposta na tecnologia, biométrica, eliminação de procedimentos, etc.", conclui.
O Turismo de Portugal tem "bons indicadores do ponto de vista da procura e de conetividade aérea" para 2022 e a estabilidade nos aeroportos é fundamental. "Dos turistas estrangeiros, 90% vêm de avião, por isso é importante percebermos que isso é essencial para a retoma que todos queremos." Em relação às expetativas para este ano turístico, Luís Araújo adianta que a previsão é chegar a 80 a 85% dos números de 2019, "o que já é muito bom", adianta. O ano de 2023 será aquele em que serão atingidos novamente os máximos de 2019, considerado o melhor ano para o turismo português.
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Antigo presidente da ANAC fala em "má gestão" no aeroporto de Lisboa
"O que acontece é que se põem voos de longo curso do Brasil, Estados Unidos, de uma série de sítios e a gestão de slots no aeroporto de Lisboa tem de ter isso em conta", afirma José Queirós. O antigo presidente do Instituto Nacional de Aviação Civil assinala que o aeroporto não pode autorizar a aterragem de voos de longo curso com muita proximidade no tempo. As pessoas "afunilam numa sala com guichés para verificação da legalidade no desembarque e isso dá numa acumulação enorme".
Para José Queirós, a entidade de aviação civil devia ter uma palavra a dizer no que está a acontecer. "De quem ouço falar menos nestas polémicas todas é na aviação civil", lamenta. "Dá-me ideia de que há muita gente a mandar e muitas coisas a dependerem de membros do Governo, o que é péssimo", acrescenta.
Confusões e cancelamentos também nos aeroportos do Reino Unido
Os constrangimentos têm sido também uma constante nos aeroportos britânicos e holandeses. No Reino Unido são constantes os cancelamentos de voos, os atrasos ou as longas filas de espera.
Em Portugal, o Algarve é o destino por excelência dos britânicos, mas por enquanto o aeroporto da capital algarvia raramente tem assistido a cancelamentos. No entanto, os voos chegam tarde e muitas vezes em cima uns dos outros.
"Há atrasos de voos, que se concentram todos à mesma hora de chegada, sobretudo no período perto do encerramento do espaço aéreo, entre as 23h00 e a meia-noite", refere o presidente do Turismo do Algarve.
João Fernandes acrescenta que "felizmente o aeroporto e o SEF têm estado a trabalhar para escoar rapidamente os passageiros pela fronteira".
"No Algarve, os tempos de espera são menores do que os de outros aeroportos concorrentes da bacia do Mediterrâneo", garante.