Aeroporto de Lisboa. SEF garante funcionar com capacidade total e aponta problemas estruturais
Inspetora Ana Vieira assinala que as 16 posições para inspetores estiveram ocupadas e alerta que "não há mais boxes" para preencher. Este domingo foram controladas as chegadas de 26 mil pessoas.
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O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras garante que manteve ocupadas, pelo menos até às 12h00 desta segunda-feira, todas as 16 posições destinadas a inspetores no aeroporto de Lisboa e explicou que os limites da estrutura aeroportuária não permitem colocar mais funcionários a trabalhar.
Os dados foram adiantados aos jornalistas esta tarde pela inspetora Ana Vieira, que garantiu que "as 16 posições e as e-gates estiveram completas, com esperas de aproximadamente duas horas" para os passageiros que aterraram em Lisboa.
"Tivemos todas as posições ocupadas e mesmo assim a espera foi grande, de duas horas. Como o senhor ministro já teve oportunidade de referir, toda a infraestrutura aeroportuária não permite mais neste momento. Não há mais boxes [posições], portanto mesmo que coloquemos mais pessoas cá, não permite mais", reforçou.
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Depois de este domingo ter sido registado "um afluxo muito grande na área de chegadas do aeroporto de Lisboa", com o controlo de "26 mil passageiros", o SEF reconheceu que o "serviço não conseguiu ocupar todas as posições disponíveis", gerando assim filas de espera que duraram várias horas.
Já esta segunda-feira, "entre as 5h00 e as 14h00, foram controlados mais de 11 mil passageiros", tendo a autoridade que controla as entradas no país tentado manter completas as 16 posições destinadas a inspetores, "deslocando pessoas das chegadas para colmatar as horas das refeições".
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Ana Vieira garantiu que "até às 12h00 estiveram 16 inspetores" e a essa hora "saíram duas ou três pessoas, que depois regressaram, e outras tiveram de ir almoçar" e nega que em qualquer momento tenham estado "apenas três" em atividade. Questionada sobre as duas horas de espera que alguns dos passageiros enfrentaram esta manhã, a inspetora sublinhou que essa realidade "não depende só do SEF".
Para responder às dificuldades no processamento de chegadas, as e-gates "vão ser alargadas a mais duas nacionalidades", abrangendo passageiros do Canadá e Estados Unidos da América, aumentando para sete as nacionalidades que passam a poder usar esta funcionalidade nas entradas nos aeroportos nacionais.
Plano de contingência pode não chegar
Relativamente às dificuldades sentidas por aquela autoridade, Ana Vieira assinalou que a atividade do SEF "não se cinge ao controlo de chegadas, mas também ao de partidas e ao Terminal 2, de onde saem voos low cost para áreas não Schengen".
A estas valências junta-se um controlo de "segunda linha", onde são analisados os processos "de todas as situações que suscitam dúvidas na primeira linha" e o "embarque de todos os passageiros que não são admitidos em território Schengen".
"Muitas vezes é necessário retirar pessoal da fronteira", reconheceu a inspetora, explicando que os processos de asilo "também têm de ser tratados" e há ainda situações de "cidadãos devolvidos a Portugal, por não lhes ter sido permitida a entrada noutros países", que passam pelas mãos do SEF.
O plano de contingência para alargar o efetivo dos aeroportos deve atingir o seu pleno "a 4 julho, com um reforço de 102 elementos em Lisboa, 49 no Porto e 45 em Faro", mas Ana Vieira admite desde já que pode não ser necessário para responder às necessidades, devendo ser "adequado à realidade diária".
"Nunca aconteceu um volume de passageiros a este nível, é uma nova realidade e temos de ir encontrando respostas", admitiu a responsável. "Tenho muita experiência de aeroporto e não me recordo nunca destes tempos de espera, nem deste volume de passageiros, é uma realidade nova com que nos deparamos."
A conferência de imprensa desta tarde seguiu-se a um comunicado divulgado ao princípio da tarde, no qual o SEF justificou a razão da "demora acentuada" com um pico de passageiros, nomeadamente 3 mil de voos que são controlados por esta entidade.
No comunicado, o SEF recorda que o Plano de Contingência para os aeroportos portugueses - também implementado em anos anteriores - iniciou-se a 2 de junho e estará a funcionar em pleno só a partir de 4 de julho, altura em que o reforço de 238 efetivos do SEF e da PSP ficará completo, totalizando 529 elementos.
"Ainda esta semana está previsto no referido Plano de Contingência, a partir de 15 de junho, o aumento do reforço interno nos aeroportos de Lisboa e Porto, por elementos de outras unidades do SEF, num esforço crescente de empenhamento que é gradual até ao mês julho", explica o SEF.
Já no domingo a entidade que gere os aeroportos nacionais, a ANA Aeroportos, tinha alertado para os tempos de espera a que os passageiros estavam sujeitos.
Os tempos de espera na área das chegadas do aeroporto de Lisboa ultrapassaram no domingo as três horas, devido à "insuficiência de recursos e de postos de controlo de fronteira SEF em funcionamento", disse a ANA Aeroportos.