Carlos César admite que Covid-19 pode obrigar Governo a fazer um orçamento retificativo
No programa Almoços Grátis, Carlos César e David Justino discutem os eventuais impactos do surto do novo coronavírus na economia portuguesa.
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Carlos César admite que o Governo pode "ter necessidade de fazer um orçamento retificativo" para lidar com o surto do novo coronavírus em Portugal.
"Há orçamentos retificativos por muitas razões, incluindo por circunstancias imprevisíveis", lembra o presidente do PS no programa da TSF Almoços Grátis, esta quarta-feira ao telefone a partir de Ponta Delgada.
É como em qualquer família, compara. Pode sair-lhe Euromilhões ou ter um acidente que obrigue a rever o orçamento familiar que obrigue "a gastar recursos que não estavam previstos".
O primeiro-ministro, António Costa, afirmou esta terça-feira não estar previsto qualquer orçamento retificativo na sequência da Covid-19, e isso mesmo diz Carlos César, sem contudo excluir que seja preciso fazê-lo eventualmente.
"O primeiro-ministro negou essa possibilidade, mas não negou, nem podia negar, para efeitos de prolongamento no tempo infinito", ressalva.
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Ainda em linha com o primeiro-ministro, Carlos César lembra que esta é a vantagem de ter um excedente orçamental e um "sistema financeiro mais robusto": é possível mudar o orçamento para colmatar uma eventual crise.
Assegurar que o Serviço Nacional de Saúde não cede no pico do surto do novo coronavírus é " o grande desafio com que o Governo se confronta", admite o socialista.
"Todos sabemos que o SNS tem debilidades" e é preciso suprir eventuais deficiências rapidamente. Mas neste momento, uma coisa é certa: "se existem limitações não são de natureza financeira".
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Também David Justino concorda que o orçamento retificativo é uma ferramenta de "gestão orçamental que responde a situações não previsíveis", pelo que não há "problema absolutamente nenhum" em fazê-lo de forma a mobilizar fundos "para fazer face às dificuldades que ai estão".
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Sobre tem sido afirmado neste sentido por políticos e comentadores, o vice-presidente do PSD lamenta que se confunda crise e recessão. "Podemos ter uma situação de crise económica, o problema é saber se a seguir à crise vamos ter uma recessão."
"Uma crise pode desencadear ou não uma recessão", explica, sendo que a primeira parece "evidente" face ao surto de Covid-19, enquanto a segunda ainda é "duvidosa".
David Justino teme que os setores mais afetados sejam o turismo e restauração, "que vão ter dificuldades e podem ter situações de desemprego".
A epidemia não será eterna, mas há coisas que poderão mudar o mundo durante anos - "que economias vamos ter depois disto?", questiona.
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Com Anselmo Crespo