Carlos Magno admitiu hoje que se sente pessoalmente «pressionado» pelo Parlamento para que a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) conclua rapidamente o relatório sobre as alegadas pressões do ministro Miguel Relvas sobre uma jornalista do Público.
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«Vou dizer-lhes 'on the record' que 'off the record' eu me sinto pressionado pela Assembleia da República (AR). Isto é, não quero que a AR fique muito tempo à espera do relatório da ERC», afirmou o presidente do organismo à margem da audição da jornalista do Público, Maria José Oliveira, realizada hoje na entidade reguladora.
«Não posso dizer que estou pressionado pela AR por eles estarem à espera do relatório da ERC, porque não estou. Mas, pessoalmente, sinto que devo resolver isto o mais depressa possível, para que a AR não esteja à espera», esclareceu Carlos Magno.
A ERC começou hoje as audições, recebendo a jornalista alegadamente ameaçada pelo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares. Na quinta-feira irá ouvir de manhã a diretora do Público, Bárbara Reis, e à tarde a editora de Política do diário, Leonete Botelho.
Na sexta-feira, será ouvida a editora substituta do Público Online e estão ainda por agendar as audições dos membros do conselho de redação do jornal.
«Vamos fazer isto com todo o tempo que precisarmos de ter para o resolver, mas queremos resolver isto o mais depressa possível», sublinhou Magno.
O presidente da ERC rejeita, no entanto, comprometer-se com «prazos».
O caso que envolve o nome do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, com a tutela da comunicação social, surgiu na sexta-feira, dia 18 de maio, após ter sido divulgado uma nota interna do conselho de redação do jornal Público.
Nesta nota, aquele órgão dizia que o ministro dos Assuntos Parlamentares ameaçou promover um 'blackout' de todos os ministros ao jornal diário e divulgar, na Internet, dados da vida privada de uma jornalista, se fosse publicada uma notícia sobre o caso das secretas.
O gabinete do ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, através de um comunicado, considerou essas acusações de «supostas ameaças ou pressões» sobre o Público «totalmente destituídas de fundamento, repudiando-as categoricamente».