A Procuradoria Geral da República «aguarda a evolução dos factos» sobre a polémica que envolve o ministro e o jornal, para decidir se é necessária a intervenção do Ministério Público.
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«A Procuradoria-Geral da República aguarda a evolução dos factos para ver se se justifica a intervenção do Ministério Público», respondeu o gabinete de imprensa do Procurador Geral da República, Pinto Monteiro, quando questionado sobre a eventual abertura de um inquérito para apurar se os factos relatados na Comunicação Social - alegadas pressões e ameaças - configuram ou não um ilícito criminal.
Também hoje, o líder do PS, António José Seguro, defendeu, em Estrasburgo, o esclarecimento do caso que envolve o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, e o jornal Público.
O conselho de redação do Público afirmou na sexta-feira que Miguel Relvas, ameaçou queixar-se ao regulador do setor, promover um "blackout" de todos os ministros ao jornal diário e divulgar, na Internet, dados da vida privada de uma jornalista, se fosse publicada uma notícia sobre o caso das secretas.
A notícia, da autoria de Maria José Oliveira, pretendia evidenciar «as incongruências» das declarações do ministro, na terça-feira, no Parlamento, sobre o caso das secretas, mas acabou por não ser publicada.
Numa nota posterior, a direção do jornal justificou a não publicação, alegando não existir «matéria publicável», e garantia que tinha tomado a decisão antes de conhecer as ameaças do ministro.
Mais tarde, o Público noticiou que Miguel Relvas pedira, nesse dia, desculpa ao jornal, depois de a direção ter feito um protesto por «uma pressão» do governante sobre a jornalista que acompanha o caso das secretas.
O pedido de desculpas noticiado pelo jornal verificou-se no mesmo dia em que o gabinete de Miguel Relvas refutou a denúncia do conselho de redação do jornal.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) vai iniciar averiguações ao caso, revelando que recebeu «uma série de documentos» sobre o caso, enviados «por iniciativa própria» pelo ministro.