O PM afirmou hoje que o executivo «não faz chantagens ou pressão sobre a comunicação social», defendendo que a opinião pública deve ter acesso à informação «sem interferências ilegítimas».
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Passos Coelho falava à imprensa na conclusão da Cimeira da NATO em Chicago, onde no domingo já tinha rejeitado que o ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares tenha «atacado a imprensa» na resposta ao jornal Público, escusando-se a responder quais as potenciais consequências do caso.
«Reafirmo que não é timbre deste governo fazer qualquer tipo de pressão, nem muito menos chantagem sobre membros da comunicação social», afirmou.
«Portugal precisa que cada um assuma as suas responsabilidades, que a imprensa seja responsável e a comunicação social em geral seja responsável pelas notícias que avança e o tratamento jornalístico das notícias, que o governo governe e que os cidadãos possam observar o comportamento de cada um dos agentes sem interferências ilegítimas», disse Passos Coelho.
«Estou certo de que esse é o quadro em que este governo se move e em que todos os membros deste governo se movem», adiantou.
O conselho de redação do Público afirmou na sexta-feira que Miguel Relvas, ameaçou queixar-se ao regulador do setor, promover um "blackout" de todos os ministros ao jornal diário e divulgar, na Internet, dados da vida privada de uma jornalista, se fosse publicada uma notícia sobre o caso das secretas.
A notícia, da autoria de Maria José Oliveira, pretendia evidenciar «as incongruências» das declarações do ministro, na terça-feira, no Parlamento, sobre o caso das secretas, mas acabou por não ser publicada.
Numa nota posterior, a direção do jornal justificou a não publicação alegando não existir «matéria publicável», e garantia ainda que tinha tomado a decisão antes de conhecer as ameaças do ministro.
Mais tarde, o Público noticiou que Miguel Relvas pedira, nesse dia, desculpa ao jornal, depois de a direção ter feito um protesto por «uma pressão» do governante sobre a jornalista que acompanha o caso das secretas.
O pedido de desculpas noticiado pelo jornal verificou-se no mesmo dia em que o gabinete de Miguel Relvas refutou a denúncia do conselho de redação do Público.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) anunciou que vai iniciar averiguações ao caso no início da próxima semana, revelando que recebeu «uma série de documentos» sobre o caso, enviados «por iniciativa própria» pelo ministro.
O PS anunciou que vai pedir a presença de Miguel Relvas no Parlamento para esclarecer o caso, enquanto os Verdes querem ouvir também a equipa do jornal.
O PCP considerou que, caso se confirmem as «alegadas pressões», Miguel Relvas «não tem condições para continuar a ser membro do Governo».
Já o Bloco de Esquerda exigiu a clarificação do caso, sublinhando que não pode existir «opacidade» em relação à liberdade de imprensa.
Por seu lado, o PSD considerou que os media «não se deveriam colocar no papel da oposição ao Governo».
Para o Sindicato dos Jornalistas, a confirmarem-se as ameaças e pressões imputadas ao ministro, este «deixaria de ter condições para se manter no Governo».