Os autarcas de Estarreja, Ovar e Torres Vedras, concelhos com tradição nos festejos do Carnaval, lamentam a decisão do Governo de não dar tolerância de ponto aos funcionários públicos.
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O presidente da Câmara de Torres Vedras, Carlos Miguel, lamenta o prejuízo económico para o concelho e para o ânimo dos portugueses.
Trata-se do autarca que há quase quinze dias escreveu ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, pedindo-lhe que mantivesse a tolerância de ponto, antevendo que se ela não fosse concedida traria perdas avultadas para os festejos no concelho.
Hoje em que foi anunciada a decisão do Governo, Carlos Miguel lamentou na TSF a decisão por dois motivos.
«Estas situações de Carnaval é algo que é importante para o equilíbrio emocional das pessoas. Nós vemo-nos aflitos com um prejuízo económico e com o brilhantismo que o Carnaval de Torres sempre teve, e terá, mas efectivamente aquilo de que temos todos pena é que não haja sensatez, ponderação, de forma a que tenhamos uma sociedade mais equilibrada e saudável mentalmente», referiu.
«Também se coloca em termos económicos porque aquilo que está aqui em causa é a economia local. Fala-se muito no discurso politico mas depois a prática é totalmente avessa a isso», acrescentou Carlos Miguel.
Também o presidente da Câmara de Ovar, outra localidade com tradição nos festejos de Carnaval, lamenta a decisão do executivo. Manuel Oliveira diz que ela representa, por um lado, uma perda de receitas para o concelho, por outro, uma desvalorização das tradições.
«Lamento o anúncio porque de facto há especificidades não só em Ovar, mas em muitos municípios deste país, que se prendem com uma vivência intensa daquilo que é a realidade do Carnaval. É óbvio que os reflexos no Carnaval de Ovar se farão sentir também numa perspectiva económica tendo em conta o facto de estarmos a falar de uma festividade onde afluem pessoas de todo o país, e até do estrangeiro», destacou Manuel Oliveira.
O autarca de Estarreja diz que as vendas da bilheteira vão ser prejudicadas, mas José Eduardo Matos lamenta, sobretudo, que esta alegria seja retirada à população, embora compreenda a decisão no actual contexto do país.
«Naturalmente que entendo na perspectiva nacional que de facto não faz sentido pedir sacrifícios e depois permitir também que haja o gozo de um dia de tolerância. Mas no fundo a necessidade que todos nós temos em Portugal de termos momentos de distracção, não impedia que o dia de Carnaval pudesse ser usado nessa perspectiva», comentou.
Questionado sobre se esta medida vai prejudicar o município, José Eduardo Matos admitiu que sim, sublinhando porém que «o que é mais prejudicado é a felicidade das pessoas se divertirem um bocadinho, sobretudo num tempo em que o que tem havido é notícias negativas».
Apesar da decisão do governo o autarca de Estarreja vai manter o que já tinha definido, vai dar dia de descanso aos funcionários do município.