"Isto é abandonarem-nos." Maioria dos municípios não licenciou" carrosséis, mas recebeu contrapartidas
Os empresários do setor da diversão itinerante salientam a falta de licenças e acusam os municípios de manter a operar apenas 5 a 10% dos donos de negócios.
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Três meses depois da retoma de atividade dos carrosséis, o que parecia ser um balão de oxigénio tem-se revelado uma frustração. Os empresários de equipamentos de diversão itinerante estimam que apenas 5% tenham conseguido fazer negócio este verão.
Há três meses, o Governo assinou um despacho a autorizar o funcionamento deste tipo de equipamento, com a condição de os empresários respeitarem um conjunto de regras de higiene, saúde e segurança, além de ser requerida uma autorização por parte da autarquia competente.
É neste último elo da cadeia que se tem registado um travão ao negócio. Luís Paulo Fernandes, presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados, lamenta que os presidentes de Câmara não estejam a dar a mão aos empresários, e enfatiza que a procura tem sido mesmo residual: "Apenas 5 a 10% dos empresários puderam prestar serviços nos parques que foram autorizados."
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"Lamento que a maioria dos municípios não se tenha preocupado connosco, porque receberam contrapartidas financeiras para dinamizar animação e outros programas para os portugueses, mas esqueceram-se de que quem contribuía com as festas, com as feiras e eventos, precisava de prestar serviços", sustenta o representante dos profissionais itinerantes, que ainda denuncia, em declarações à TSF: "A maior parte dos municípios não licenciou, não recebeu nem conversou connosco, e até podiam ter tido a iniciativa de apoiar-nos, porque pagamos todos os anos àquelas festas e feiras."
Luís Paulo Fernandes aproveita para lançar um apelo. A pouco mais de dois meses do Natal, a Câmara Municipal do Porto já terá feito saber que não haverá diversões como nos anos anteriores, e, sendo esta uma época alta para o setor devido às feiras e mercados em muitas praças do país, os empresários pedem ajuda à Associação Nacional de Municípios para sensibilizarem os autarcas, para que não os "abandonem totalmente".
"A Associação Nacional de Municípios tem de refletir - e nós não queremos ter de marcar manifestações para que isto aconteça - e ajudar-nos já nos mercados de Natal. Não vão chamar-se mercados de Natal? Chamam-se mercadinhos de Natal, faz-se pequenos focos, aqui e acolá, na cidade, mas tem de ser." Luís Paulo Fernandes sustenta que "as entidades licenciadoras são os municípios e os municípios estão a vedar-nos completamente as oportunidades de trabalho".
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O presidente da Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados acrescenta que o investimento feito nos últimos anos demorará ainda mais a ser recuperado, diante deste cenário de pandemia e de falta de apoios. "Não sei, neste momento, como está a maior parte dos empresários para esta altura do Natal... Tinham carrosséis parisienses e as pistas de gelo, nesta altura, já que investiram nos últimos seis ou sete anos em máquinas de diversão mais diversificadas. No Porto, foi-nos dito que não contavam com a associação este ano."
A TSF solicitou uma reação à Câmara Municipal do Porto, que, em resposta escrita, diz que, neste momento, ainda está a ser trabalhada a programação para o período de Natal. O atual quadro pandémico exige um esforço e um rigor acrescido no desenho da programação e na definição dos espaços, de acordo com as orientações das autoridades de saúde.
* e Catarina Maldonado Vasconcelos
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