O professor Carlos Jalali entende que o Presidente da República tem mantido uma «estratégia de silêncio», ao passo que faz contactos com atores que ainda não declararam a sua posição sobre as mais recentes medidas de austeridade.
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O politólogo Carlos Jalali entende que o Presidente da República terá um importante teste pela frente ao uso dos poderes que detém por causa das mais recentes medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.
Ouvido pela TSF, este professor de Ciência Política entende que Cavaco Silva está muito pressionado e que o chefe de Estado tem mantido uma «estratégia de silêncio» em relação a esta matéria para ganhar margem de manobra.
Carlos Jalali acredita que Cavaco Silva tem feito contactos de bastidores para «perceber o que é a configuração política de alguns atores que ainda não declararam formalmente, a começar pelo CDS».
Este professor que dá aulas na Universidade de Aveiro lembra que ainda se desconhece qual o posicionamento dos democratas-cristãos nesta questão e que também ainda não se sabe se o PS votará contra o Orçamento.
«Simultaneamente, está a tentar usar os canais informais para tentar encontrar de alguma forma um consenso possível neste contexto atual e ver se um consenso é possível», sublinhou.
Este professor acredita também que as manifestações marcadas para sábado poderão também ter alguma influência na ação de Cavaco Silva, caso atinjam a «mobilização na escala das manifestações do 15 de março».
«Poderão sinalizar a posição da opinião pública em relação a estas medidas e isso também coloca pressão sobre Cavaco Silva, na medida em que Cavaco Silva é a única figura eleita diretamente pelos cidadãos a nível nacional», recordou.
Carlos Jalali disse ainda acreditar que o chefe de Estado «não irá agir enquanto não tiver estes dados, mas não poderá manter o silêncio durante muito mais tempo sob o risco de se tornar irrelevante dentro do sistema político e, sobretudo, ainda mais grave, aos olhos dos cidadãos».