"CDS e IL vão ter de tomar uma opção." Diogo Feio quer aliança à direita sem Chega para derrubar PS
No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e CNN Portugal, o antigo deputado do CDS considera que o PSD tem de ser "o eixo" para fazer uma aliança política com o CDS e a IL, excluindo o Chega.
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Uma aliança à direita sem o Chega: é esta a proposta do antigo deputado centrista Diogo Feio para derrubar o Governo socialista. No programa O Princípio da Incerteza, da TSF e da CNN Portugal, o ex-deputado do CDS defendeu que devia ser o PSD a fazer o convite ao CDS e à Iniciativa Liberal.
"Sou defensor, desde há muito tempo, de uma lógica 'federadora do espaço de centro-direita', desde já e para acabar com conversas, excluindo o Chega. Acho que, neste momento, a ideia não está madura. Já sucedeu isto várias vezes na nossa história democrática e até sucedeu - e na minha opinião bem - na aliança democrática inicial, com abertura aos reformadores", explica Diogo Feio, sublinhando que "o que é relevante não é apenas a ideia de terminar com um certo ciclo de governação, mas sim exigir alterações".
"O eixo dessa alteração tem de ser o PSD, porque é o maior partido - historicamente assim tem sido e assim naturalmente se manterá - com outros partidos desse espaço: o CDS e a Iniciativa Liberal, que vão ter que tomar mais tarde ou mais cedo uma opção", considera.
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Para Pacheco Pereira, a ideia de Diogo Feio é válida, mas o PSD tem de apresentar políticas moderadas e captar novos quadros para aumentar as possibilidades de uma vitória desta coligação.
"O que era preciso para poder conseguir reconstruir um centro moderado, que passasse pelos setores moderados do CDS e pelos setores moderados do PSD que existem, mas estão todos fora? É preciso várias coisas, uma delas é ter uma política moderada. O debate político radicalizou-se de tal maneira que mesmo propostas moderadas em relação à habitação - não estou a dizer que sejam as do PS -, em relação ao mundo do trabalho, em relação aos sindicatos, em relação aos salários, à saúde e à educação, são imediatamente cilindradas para a radicalização da vida política que o PSD não resiste como devia", explica o historiador.
"Há outro fator que também é relevante: um partido que queira conquistar o centro tem que ter quadros, tem que ter pessoas com respeitabilidade na opinião pública. Essas pessoas: médicos, advogados, trabalhadores, dirigentes sindicais eram património que o PSD tinha e que hoje praticamente não tem", acrescenta.
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Alexandra Leitão, deputada do PS, vê na moção apresentada pelo Chega uma manobra que banaliza esta ferramenta política. A seu ver, André Ventura está a jogar, também, com a proximidade das eleições regionais na Madeira.
"Acho que isto tem um objetivo muito claro, que é tentar entalar o PSD e, nesse sentido, contribuir para uma fragmentação da direita, que até há uns anos atrás não existia assim tanto. Quando só tínhamos o PSD e o CDS essa fragmentação não se verificava, mas agora, com a IL, com o Chega, com o PSD, nós temos uma fragmentação à direita como há muito tempo sempre tivemos à esquerda, com o PCP inclusivamente mais forte e com o Bloco também já mais forte", refere Alexandra Leitão.
"O PS está habituado a ter que lidar com alguma fragmentação à esquerda e à direita. O PSD estava menos habituado a ter que lidar com essa fragmentação à direita, porque com o CDS o entendimento era sempre fácil", frisa a socialista, que defende que "há outra razão próxima".
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"A partir do momento em que o Chega faz esta moção de censura, não pode apresentar outra nesta sessão legislativa, é a regra constitucional, o que significa que nem sequer vai poder apresentar uma mais perto das europeias para fazer este barulho, o que significa que eu também entendo que isso deve ter alguma coisa a ver com a proximidade das eleições regionais da Madeira, onde se joga mais do que se pensa. Porque se efetivamente a estratégia do PSD na Madeira de dizer que o voto útil é no PSD para que o PSD não tenha que se coligar com o Chega, se essa forma de campanha funcionar, isso pode extrapolar para o nacional e vai ter um efeito muito pernicioso para o Chega", nota.