Centenas de pessoas da restauração e da cultura pedem no Rossio ajuda para sobreviver

Os manifestantes queixam-se de ser o bode expiatório desta pandemia
Rodrigo Antunes/Lusa
Os manifestantes encontram-se rodeados por um visível aparato policial, e fazem-se ouvir em cima de uma carrinha de caixa aberta. "A restauração e a cultura estão a morrer!"
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Centenas de empresários e trabalhadores da restauração, eventos culturais e animação noturna estão reunidos este sábado no Rossio, em Lisboa, exigindo apoios do Governo para lutarem contra o desemprego e continuarem "a pôr pão na mesa".
Em frente ao Teatro Nacional Dona Maria II, e rodeados por um visível aparato policial, os organizadores do protesto fazem-se ouvir em cima de uma carrinha de caixa aberta, a partir da qual desfiam um rol de queixas que concluem sempre o mesmo: "a restauração e a cultura estão a morrer!".
Os presentes, munidos de máscara e com algum distanciamento social, estão a empunhar cartazes onde se leem as principais reivindicações destes setores.
Queixam-se de ser o bode expiatório desta pandemia e assumem-se como os maiores cumpridores da segurança, mas dizem que, apesar disso, têm sido os mais prejudicados.
"Estão a matar 100% dos restaurantes por 3% do contágio", "Queremos trabalhar, deixem-nos viver" ou "Não há saúde sem economia" são algumas das frases que se podem ler nos cartazes de alguns dos manifestantes.
Os vários intervenientes queixam-se de terem sido obrigados a despedir trabalhadores, nomeadamente no setor da animação cultural, mas também na restauração, na hotelaria, nas discotecas e bares noturnos e nos transportes de turistas. Os presentes aplaudem e fazem-se ouvir com apitos.
Em cima do improvisado palanque, os discursos têm sido inflamados, muitas vezes com recurso ao uso de palavrões, e muita indignação.
O comércio e a restauração iniciam este sábado o primeiro de dois fins de semana em que apenas podem abrir entre as 08h00 e as 13h00, no âmbito do estado de emergência, uma medida contestada por várias associações empresariais.
Em conferência de imprensa, ao mesmo tempo que decorre este protesto no Rossio, em Lisboa, o ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital anunciou que os apoios já disponibilizados ou anunciados para o setor da restauração na sequência da crise causada pela pandemia totalizam 1103 milhões de euros, correspondendo a cerca de 60% do da quebra de faturação registada pelo setor.
Aquele valor global engloba 286 milhões de euros de apoios que já chegaram às empresas deste setor por via do 'lay-off' simplificado e do apoio à retoma progressiva ou ainda os 200 milhões de euros para o novo programa apoiar.pt que consiste na atribuição de um apoio a fundo perdido às micro, pequenas e médias empresas para as compensar pela quebra de faturação.
A PSP está por esta altura nas estações da CP no Rossio e no Cais do Sodré, para avaliar o cumprimento do recolher obrigatório. José Palma, chefe responsável pela operação no Rossio, garantiu à TSF que a maioria das pessoas está a cumprir as regras.
"Na estação onde me encontro - estação da CP no Rossio -, a maioria das pessoas tem apresentado justificação, tanto declaração como outras situações, com o motivo pelo qual estão na via pública, tendo embora sido enviadas para o seu domicílio algumas pessoas que não conseguiram justificar."
Na maior parte dos casos, "estava tudo em conformidade", afiança José Palma. Também no Cais do Sodré, "uma grande percentagem [das pessoas] apresenta justificação para se encontrar na via pública".
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