Centeno apela ao aumento dos salários: caso contrário, redução da inflação seria uma miragem
A olhar para António Costa, Mário Centeno apelou a um aumento dos salários.
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Mário Centeno acredita que existem condições para um aumento de 20 por cento dos salários nas empresas até 2026, como pediu António Costa, e defendeu o aumento salarial como forma de combater a inflação.
O governador do Banco de Portugal participou na CNN Portugal Summit, que decorreu em Lisboa, com o primeiro-ministro na primeira fila, e relembrou que, nos últimos seis anos, os salários subiram quatro por cento ao ano.
Olhando várias vezes para António Costa, Mário Centeno deixou o apelo: "Os salários devem subir, para que os ganhos de produtividade sejam mais facilmente distribuídos entre trabalhadores e o capital." Por outro lado, Centeno rejeita um aumento imediato dos salários no setor público, em função da inflação, para prevenir uma "espiral inflacionista".
O governador do Banco de Portugal explica que, sem o aumento dos rendimentos, "o desejo do banco central" em reduzir a taxa de inflação para dois por cento "era espúrio", lembrando que, antes da pandemia, o Governo conseguiu subir os salários.
Mário Centeno alerta, ainda assim, que há riscos de uma crise financeira, caso a guerra na Ucrânia continue. No entanto, acredita que Portugal tem condições para lidar com os riscos, até com as aprendizagens com a crise de 2011.
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"Os riscos de uma crise financeira não podem ser retirados da mesa porque temos de ter sempre medidas para os acautelar. É o risco de haver fragmentação financeira entre países e de as condições de financiamento não estarem disponíveis para todos", explicou.
O antigo ministro das Finanças lembra que, enquanto líder do Eurogrupo, defendeu um plano comum para todos os países, que foi depois implementado para dar resposta à pandemia, e apela aos estados-membros que "honrem" o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
"Desde muito cedo comecei a dizer que o desafio é não perder de vista o que muito se conquistou na integração europeia em 2020. Desde logo, cada país tem de implementar os PRR, de forma a honrar todo o compromisso europeu", atirou.
Mário Centeno acrescenta, no entanto, que também a Europa tem de demonstrar que a resposta à pandemia "não é uma solução única e irrepetível", apelando a um "processo de reforço".
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