Falharam "oportunidade histórica". Costa critica postura da CGTP na concertação social
Primeiro-ministro disse ter ficado "surpreendido com a surpresa" causada pelo seu apelo ao aumento dos salários em 20% nos próximos quatro anos.
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O primeiro-ministro lamentou, esta segunda-feira, que a CGTP não tenha compreendido a "oportunidade histórica para se reposicionar" no cenário de concertação social, considerando mesmo ser uma das suas maiores "maiores frustrações".
"Uma das maiores frustrações que tenho é, nos últimos seis anos, a CGTP não ter compreendido que tinha uma oportunidade histórica para se reposicionar neste cenário da concertação social", declarou António Costa na emissão especial do programa Princípio da Incerteza, na CNN Portugal, onde criticou o facto de a CGTP nunca ter assinado um acordo coletivo.
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Defendendo que o país tem de, cada vez mais, "convergir" do ponto de vista do diálogo social e da concertação social para os padrões europeus", o líder socialista assinalou que em Portugal existe uma cultura, entre os parceiros sociais, que "não favorece este esforço": do lado dos trabalhadores, "há um enorme desequilíbrio", uma vez que a CGTP, "à partida, nunca assina nenhum acordo coletivo. Isso desequilibra brutalmente as relações laborais", frisou.
O chefe do Executivo sustentou que um dos fatores fundamentais para reequilibrar a concertação social era a "CGTP passar a adotar uma atitude em que as pessoas compreendessem que só há verdadeiro acordo quando todos assinam" e não quando só uma das centrais sindicais e as confederações patronais o fazem.
Para o primeiro-ministro, "esse salto cultural é muito importante". "O papel do Governo era não existir nesta negociação", destacou ainda Costa, acrescentando que "nós não somos um país nórdico, temos outra cultura radicalmente diferente."
No programa de comentário e análise política, António Costa admitiu também ter ficado "surpreendido com a surpresa" causada pelo seu apelo ao aumento dos salários em 20% nos próximos quatro anos, quando o salário médio no país subiu 22% nos últimos anos.
"Eu fico surpreendido com a surpresa que a minha afirmação constituiu, porque ela tem sido uma constante. E, sobretudo, fiquei surpreendido porque o salário médio nos últimos anos subiu precisamente 22%. Aquilo que é necessário é manter o ritmo de crescimento salário que temos tido nos últimos anos", defendeu.
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