Governo admite reabrir os centros comerciais na Área Metropolitana de Lisboa e Graça Freitas concorda estarem "criadas as condições" para tal.
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A Área Metropolitana de Lisboa deixa de ter restrições ao desconfinamento a partir de segunda-feira, podendo abrir os centros comerciais e as Lojas do Cidadão, anunciou o primeiro-ministro, António Costa.
"Decidimos eliminar, a partir da próxima segunda-feira, as restrições que ainda existem diferenciadas relativamente ao conjunto do país, designadamente permitir a abertura dos centros comerciais de acordo com as regras definidas pela Direção-Geral da Saúde", afirmou António Costa, depois da reunião de hoje do Conselho de Ministros (CM).
A partir de segunda-feira, 15 de junho, passam a "aplicar-se as regras gerais vigentes para o resto do país", lê-se no comunicado do CM, clarificando que serão permitidas concentrações até 20 pessoas e "deixam de ter a atividade suspensa os estabelecimentos com área superior a 400m2 ou inseridos em centros comerciais e as respetivas áreas de consumo de comidas e bebidas".
Alarga-se também a todo o território "a regra da limitação a dois terços dos ocupantes na circulação relativa aos veículos particulares com lotação superior a cinco lugares, salvo se todos os ocupantes integrarem o mesmo agregado familiar, em virtude da dificuldade de prática de distanciamento social em veículos automóveis, em especial nos de transportes de trabalhadores", acrescenta a nota.
DGS apoia abertura e centros comerciais
Também a diretora-geral da Saúde disse esta terça-feira estarem "criadas as condições" para reabrir os centros comerciais da zona de Lisboa, apesar do aumento do número de doentes covid-19, pois "a grande maioria dos casos positivos estarão identificados".
Na conferência de imprensa diária sobre a pandemia, Graça Freitas destacou o trabalho "local" que tem sido feito com as pessoas infetadas na zona da Grande Lisboa e Vale do Tejo e notou que os centros comerciais vão abrir "com regras muito estritas".
"Há circuitos muito bem delimitados, se houver civismo e respeito para não haver ajuntamentos, não me parece que exista um risco muito grande de propagação [da doença]", afirmou a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS), no dia em que Portugal registou mais 421 casos confirmados de infeção, 386 dos quais na região de Lisboa e Vale do Tejo.
"A maioria dos casos estarão identificados e as autoridades saúde, as autarquias, a segurança social e as forças de segurança têm trabalhado com estas pessoas no sentido de as fazer entender o risco que têm de propagação da doença", descreveu.
De acordo com a responsável da DGS, "tem havido um grande diálogo para que quem está doente se abstenha de sair de casa".
"Cremos que este movimento local resultará num maior confinamento de pessoas infetadas", afirmou.
Graça Freitas destacou ainda o facto de os grandes centros comerciais terem "circuitos muito bem organizados" e "regras estritas na circulação de pessoas", apelando ao civismo dos utilizadores e à supervisão dos responsáveis.
Desconfinamento adiado em Lisboa
Há cerca de duas semanas, o Governo decidiu adiar na Área Metropolitana de Lisboa o levantamento de algumas restrições previstas na terceira fase de desconfinamento, devido ao número de surtos de covid-19 na região, impondo regras especiais sobretudo relacionadas com atividades com "grandes aglomerações de pessoas".
A manutenção do fecho dos centros comerciais e das Lojas do Cidadão, a limitação dos ajuntamentos a 10 pessoas (a nível nacional o limite é de 20) e o reforço da vigilância epidemiológica estavam entre as medidas tomadas.
A terceira fase do plano de desconfinamento no continente português devido à pandemia de covid-19 arrancou em 01 de junho com o fim do "dever cívico de recolhimento" e a reabertura de centros comerciais, salas de espetáculos, cinemas, ginásios, piscinas e Lojas do Cidadão.
Na Área Metropolitana de Lisboa manteve-se o fecho de Lojas do Cidadão e Centros Comerciais, incluindo as áreas de consumo de comidas e bebidas, e foram anunciados planos de realojamento de emergência para permitir "a separação de pessoas que estejam infetadas".
Nesta região, a realização de feiras e a abertura de lojas com mais de 400 metros quadrados passaram a estar dependentes de avaliação municipal e os veículos com lotação superior a cinco pessoas apenas podiam circular com dois terços da capacidade, salvo se todos os ocupantes integrarem o mesmo agregado familiar.
A área metropolitana integra os municípios de Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal, Sintra e Vila Franca de Xira.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 406 mil mortos e infetou mais de 7,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.485 pessoas das 34.885 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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