Chicão vs Ventura: o jogo do empurra entre a direita "mariquinhas" e a direita "fanática"
Debate ruidoso entre os dois líderes de direita com "cata-ventos", "bengalas rejeitadas" e "cambalachos fiscais". Líder do Chega acusa centrista de "falta de legitimidade política". Rodrigues dos Santos trata partido do adversário como "a fina flor do entulho"
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Entre o puxa e o empurra, a "direita certa" e a "direita anti-sistema" partilham espaço no hemiciclo e, à caça de votos, não poupam no tiro ao alvo e no "quem é quem". Para André Ventura, "o CDS esqueceu quem é". "Nós não queremos ser essa direita mariquinhas", começa por atirar o líder do CHEGA, lembrando que o CDS - "a direita fofinha" - rompeu a coligação com o PSD, quando foi candidato dos sociais-democratas à autarquia e criticou os subsídios atribuídos à comunidade cigana. "O André Ventura não é, de todo, da minha direita", atirou Francisco Rodrigues dos Santos, acusando o deputado de Chega de ser "um cata-vento" ao defender "tudo e o seu contrário".
Num frente a frente ruidoso, o presidente do CDS rejeitou "lições" de André Ventura, garantindo que o CDS é diferente do CHEGA.
"O André Ventura só é contra a corrupção, quando não são os amigos dele. Sabe que Luís Filipe Vieira ficou a dever mais de 700 milhões ao Novo Banco? Isso não lhe provoca nenhum escândalo, provocam, sim, os 400 milhões do RSI (Rendimento Social de Inserção)", asseverou Rodrigues dos Santos, com Ventura a rejeitar "cambalachos fiscais". "Você é que esteve na direção do Sporting", acrescentou.
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Entre "cambalachos", cortes aos apoios sociais, forças de segurança e a fé de cada um, Ventura e Rodrigues dos Santos trocaram "mimos" sobre quase tudo, incluindo "o encosta, encosta à esquerda".
"Em Coimbra, teve um cabeça de lista do Bloco de Esquerda. Grande direita que André Ventura representa para o país", exclamou o líder centrista. Sem perder tempo, Ventura rematou: "ó homem, tenha vergonha! O vosso fundador acabou no Partido Socialista. Foi ministro de Josė Sócrates!!!".
Já sobre a governabilidade e um eventual apoio ao PSD, o CDS aponta "linhas azuis" para condicionar dar a mão a Rui Rio, enquanto Ventura faz depender qualquer entendimento da força que o CHEGA conquistar nas eleições.
No debate que ultrapassou os trinta minutos, ainda houve tempo para uma troca de farpas sobre a legitimidade das lideranças e os militantes perdidos, com André Ventura a acusar o centrista de ser "o líder com menor legitimidade destas eleições", por ter rejeitado um congresso no partido. Em resposta, Francisco Rodrigues dos Santo recuperou a acusação de um dirigente que abandonou o CHEGA e acabou a acusar o partido de "fina flor do entulho".