Rui Rio e João Oliveira, em substituição de Jerónimo de Sousa, protagonizaram um debate sereno, mas crítico. Quase tudo os separa, mas concordam que foi Costa o responsável pela crise política.
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Logo a abrir o debate, João Oliveira fez questão de vincar que estava ali num modo temporário e que "a substituição mais rápida de que precisamos é a nossa (dele e de João Ferreira)pelo secretário-geral do PCP, pelo Jerónimo de Sousa"
Do outro lado da mesa, o elogio do presidente do PSD Rui Rio, que disse ter "bastante simpatia pessoal" por Jerónimo, soou quase a uma crítica interna:
"Tomara que no meu partido houvesse gente assim coerente, mas com a social-democracia e não o comunismo", disse Rio.
Na ausência do secretário-geral do PCP (que vai ser operado de urgência à carótida interna esquerda, nesta quinta-feira), coube a João Ferreira, atacar o Governo socialista por não ter aceitado "uma única medida de reforço do SNS, no meio de uma pandemia."
"Hoje já ninguém tem dúvidas de que o Governo do PS estava convencido de que se fôssemos para eleições teria uma maioria absoluta e fez tudo para que não houvesse Orçamento do Estado aprovado," acusou o líder parlamentar do PCP.
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Rui Rio assina por baixo na acusação a António Costa: "O Governo e António Costa, quando se meteram com o PCP, sabiam perfeitamente qual era a lógica de funcionamento do PCP, que é um partido coerente. Era expectável que o PCP fosse pedir o que pediu, fosse negociar o que negociou."
Embora sublinhe que ele próprio não aceitaria as propostas comunistas, Rio considera que o PS se "colocou na mão do Partido Comunista": "A culpa é integralmente do Governo", disse.
João Oliveira aproveitou a deixa para sublinhar que o PSD não é a alternativa ao PS, porque estiveram alinhados, em muitas das matérias, ao longo dos anos.
"Se as pessoas estão descontentes com o PS, que não lhes resolveu os problemas, e estavam a achar que iam encontrar no PSD a alternativa, têm aqui a resposta mais clara possível. Aumento dos salários, reforço do Serviço Nacional de Saúde, aumento das pensões, têm a resposta de que Rio disse que faria o mesmo que António Costa", afirmou o dirigente comunista.
O debate mostrou PSD e PCP separados por "mar de divergências" , como referiu logo no início Rui Rio. Do papel do Estado, às privatizações, passando pelos salários, pensões e medidas para fazer crescer a economia tudo espelhou a divergência entre os dois partidos.
Rio ainda disse que o PCP se deveria sentar "ainda mais à esquerda do que o Bloco no hemiciclo", Oliveira considerou que as propostas do PSD "são negativas, duvidosas ou para não levar a sério," dado o historial do partido.
Em claro discurso para públicos diferentes, Rui Rio e João Oliveira apenas estiveram alinhados no elogio a Jerónimo de Sousa e na intenção de travar as ambições de maioria de António Costa.