"Coisa mais estranha do mundo." Marques Mendes critica anúncio de "revolução" na gestão da Saúde
O comentador e conselheiro de Estado considera que deveria ter sido o ministro da Saúde ou o primeiro-ministro a fazer o anúncio desta "medida de fundo" e não o diretor executivo do SNS.
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Urgências encerradas, greves dos médicos e enfermeiros, alteração da gestão de centros de saúde e hospitais, do reforço das competências da direção executiva do SNS e mortes de doentes. Durante o verão, as polémicas nunca deixaram a Saúde. Luís Marques Mendes considera "a coisa mais estranha do mundo" a forma como foi anunciada uma autêntica "revolução" na gestão da Saúde. O comentador e conselheiro de Estado não entende a ausência de explicações do ministro da Saúde e do primeiro-ministro.
"Eu acho uma estranheza total e completa, é a coisa mais estranha do mundo. A direção executiva do SNS diz que é uma revolução, diz que isto é uma mudança profunda, basicamente é pegar em hospitais e centros de saúde, cuidados hospitalares, cuidados primários e fazer uma espécie de gestão conjunta. Se as próprias entidades oficiais consideram que isto é muito importante e é uma reforma do Governo, tem que ser aprovada pelo Governo. Pergunta-se: 'Então, porque é que foi anunciada por Fernando Araújo, que é o diretor da Comissão Executiva do SNS?' Não está em causa a sua competência, se é uma medida do Governo, alegadamente uma medida de fundo, então devia ser ou o ministro ou primeiro-ministro", considera Marques Mendes.
No espaço de comentário que assina todas as semanas na SIC, Luís Marques Mendes defendeu que o Governo tem de responder a cinco grandes questões sobre a reforma prometida para o SNS.
"Vão diminuir as listas de espera com esta reforma? Qual é o plano concreto que existe? Qual é o estudo quantificado e calendarizado que existe a este respeito? Segundo, o número de utentes sem médico de família também vai reduzir-se? E em quanto? E também com que calendário? A gestão conjunta que vai ser feita vai provocar poupanças? Quais são elas e onde é que vão ser reinvestidas?", questiona o comentador.
Luís Marques Mendes afirma que a Comissão Europeia "já autorizou que estas 'infusões' que vão ser feitas vão dar origem a 31 novas empresas públicas". "Era importante também saber Bruxelas se impôs condições. Eventualmente, se impôs, que condições é que são?", volta a questionar.
"E, finalmente, agora uma coisa só muito concreta, mas que é importante: o hospital de Cascais fica de fora, talvez por ser uma PPP", acrescenta.