"Ainda há um esforço a fazer." Pizarro diz que nova organização dos cuidados de saúde vai reduzir listas de espera
O ministro da Saúde refere que há pedidos de consultas hospitalares "que podem ser resolvidos nos cuidados de saúde primários, com segurança e qualidade para o doente".
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O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, explicou, esta segunda-feira, que o novo modelo de organização dos cuidados de saúde, que aposta numa maior proximidade entre centros de saúde e hospitais, vai permitir responder às listas de espera para consulta de especialidade. Em resposta aos ouvintes do Fórum TSF, Manuel Pizarro adianta que os médicos dos hospitais podem orientar os clínicos gerais nos centros de saúde, uma vez que o crescimento da resposta hospitalar não pode crescer muito mais.
"Ainda há um esforço a fazer para que o sistema hospitalar seja capaz de produzir mais consultas", admite o ministro da Saúde, sublinhando: "Ainda há trabalho a fazer, temos que fazer mais consultas ao final da tarde, temos que, em alguns casos, admitir fazer consultas nas manhãs dos sábados, temos que fazer os centros de responsabilidade integrada, que são modelos de auto-organização dos profissionais para otimizar a capacidade de resposta."
Manuel Pizarro defende que "a forma de utilização do sistema" tem que ser alterada. "Há uma percentagem significativa de casos de pedidos de consultas hospitalares que podem ser resolvidos nos cuidados de saúde primários, com segurança e com qualidade para o doente, desde que exista uma orientação, uma consulta ou uma consultadoria por parte do especialista hospitalar", explica.
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O governante esclarece que com a ajuda das verbas do PRR vai ser possível melhorar o atendimento nas Unidades de Saúde Familiar (USF).
"São 124 novos edifícios, comporta a requalificação de cerca de 300 edifícios preexistentes, uma requalificação profunda, e envolve, em muitos casos, a instalação de novos equipamentos, equipamentos esses que estão voltados para aquilo que são as situações de doença mais prevalentes, equipamentos para apoiar o diagnóstico e o tratamento na área das doenças cardiovasculares", adianta.
O ministro da Saúde acrescenta que vão ser instalados mais equipamentos de radiografia simples nos centros de saúde. "Isso também facilitará o diagnóstico", considera.
Vão também ser utilizados equipamentos de química simples, o que "permitirá acompanhar situações de doença aguda e também análises que permitem monitorizar quer o colesterol, quer a diabetes". "Essas são as situações mais prevalentes e, ao mesmo tempo, instalar também aparelhos que permitem avaliar as situações de doença respiratória, os chamados espirómetros. Ora, tudo isto vai ser difundido pela generalidade dos centros de saúde do país, permitindo aumentar aquilo que chamamos a 'resolutividade dos cuidados de saúde primários'", frisa.
O diretor-executivo do SNS, Fernando Araújo, anunciou na semana passada que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai sofrer uma "grande reforma" a partir de janeiro de 2024 com a criação de 31 Unidades Locais de Saúde (ULS), que se juntam às oito já existentes.
Segundo o diretor-executivo do SNS, estas ULS vão englobar todos os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), que são mais de 40, grande parte das funções das cinco Administrações Regionais de Saúde (ARS) e os cinco hospitais do setor público administrativo.
O financiamento das ULS, que deverão entrar em funcionamento a partir de 01 de janeiro de 2024, passará a ser feito "per capita" e pela "estratificação pelo risco", ou seja, em função do número de utentes e das suas doenças, sublinhou Fernando Araújo.