Pelo contrário, quem bebia pouco passou a beber ainda menos. Agravamentos de consumos aconteceu sobretudo em indivíduos que têm ou tiveram, no passado, problemas com o álcool.
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Quem bebia mais álcool passou a consumir ainda mais durante a pandemia. A conclusão é de um estudo feito pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), do Ministério da Saúde, que tentou perceber as alterações no consumo de de bebidas alcoólicas durante o período de confinamento.
As conclusões do inquérito feito referem que 21% daqueles que responderam passaram a beber mais, 42% passaram a beber menos e 37% continuou a beber o mesmo que bebia antes.
No entanto, aqueles que mais aumentaram os consumos são sobretudo pessoas que já bebiam numa base semanal ou quase diária e quem já tinha tido ou ainda se deparava com problemas ligados ao consumo de álcool.
Destaque ainda, neste maior aumento dos consumos de álcool, para os homens, as idades entre os 25 e os 44 anos, mas também quem passou a trabalhar exclusivamente em casa, quem tem um maior stress relacionado com a pandemia e quem apresenta maiores preocupações com os efeitos económicos da crise provocada pela covid-19.
Pelo contrário, quem mais diminuiu estes consumos são pessoas que continuaram a sair de casa para trabalhar e quem nunca teve problemas ligados ao álcool.
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Porquê?
Naturalmente, as razões que levaram uns e outros a diminuir ou aumentar o consumo de álcool são completamente diferentes.
Quem passou a beber menos diz que o fez, sobretudo, por falta de companhia (45%), por gostar de beber apenas fora de casa e em festas (35%) ou porque passou a tentar ter um estilo de vida mais saudável (34%).
Pelo contrário, quem passou a beber mais é porque passou a ter mais tempo livre de obrigações e responsabilidades (40%), porque precisa de algo que ajude a relaxar e a acalmar (37%) e pela necessidade de algo que ajude a animar num contexto de pandemia (22%).
Impacto considerável no consumo de álcool
O estudo desta entidade do Ministério da Saúde que acompanha as dependências afirma que "tal como estudos internacionais têm concluído também neste se verifica que o confinamento e o distanciamento social tiveram um impacto considerável no consumo de álcool".
As alterações variaram, no entanto, conforme o tipo de população em causa: "Ainda que para alguns o contexto pandémico esteja associado a um aumento do consumo de bebidas alcoólicas (mais em frequência do que em quantidade), para outros aconteceu o contrário".
Em conclusão, o SICAD refere que, "entre os respondentes ao inquérito, a pandemia acabou por ter consequências pouco nefastas, apesar de alguns agravamentos dos consumos, sobretudo em indivíduos que declaram ter ou ter tido problemas relacionados com o consumo de álcool, o que aponta, tal como em outros estudos semelhantes, que estes tendem a ser um grupo de particular risco em situações como esta".