"Com milhões de pessoas a passar fome, não é justo que nos demos ao luxo de desperdiçar alimentos"
São "números assustadores": um quarto dos alimentos que são desperdiçados no mundo daria para alimentar 870 milhões de pessoas. Entrevistado por Fernando Alves na Manhã TSF, Francisco Mello e Castro, responsável pelo Movimento Unidos Contra o Desperdício, lembrou que há "coisas simples" que podem fazer a diferença para combater este problema.
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Mais de dois mil particulares e mais de 200 empresas (entre as quais a Global Media Group, que detém o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, TSF, Dinheiro Vivo e O Jogo, entre outros títulos) aderiram ao Movimento Unidos Contra o Desperdício, que nasceu há precisamente um ano. Entrevistado por Fernando Alves, Francisco Mello e Castro, responsável por este movimento criado para combater o desperdício alimentar, lembra que bastam gestos muito simples para combater o desperdício, como o planeamento das compras.
Francisco Mello e Castro refere que é importante "não ir às compras com fome, não ter vergonha de chegar a um restaurante e de pedir as sobras para levar para casa ou pedir a dose certa no restaurante".
"São coisas mesmo simples que todos os cidadãos podem, no fundo, integrar no seu dia-a-dia e que individualmente combatem o desperdício de alimento", explica.
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Os números das organizações internacionais mostram, por exemplo, que um quarto dos alimentos que são desperdiçados no mundo daria para alimentar 870 milhões de pessoas. Francisco Mello e Castro fala de "números assustadores" e com "três impactos".
Francisco Mello e Castro considera que há um impacto económico, porque "se estamos a desperdiçar, estamos a não fazer alguma coisa de forma eficiente", um impacto ambiental, porque "gera resíduos e os resíduos geram emissões de carbono" e um impacto social, "que é o maior e mais grave, porque quando temos milhões de pessoas a passar fome no mundo não é justo que haja outra parte da população que não só se alimente, como se dê ao luxo de desperdiçar esses alimentos".
O responsável pelo Movimento Unidos Contra o Desperdício diz que "há muita coisa que podemos melhorar no nosso dia a dia para combater o desperdício" e acrescenta que existe um problema ainda maior. "As pessoas acham que o seu impacto individual não tem impacto no problema e tem", finaliza.
"Unidos Contra o Desperdício, num compromisso com as gerações futuras"
O Movimento Unidos Contra o Desperdício é "um movimento cívico e nacional, agregador e educativo, que une a sociedade num combate ativo e positivo ao desperdício alimentar que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e o apoio do Secretário-Geral das Nações Unidas". Comemora agora o seu primeiro aniversário de existência com o arranque de uma campanha de comunicação e sensibilização à escala nacional, que reúne antigos filmes e cartazes publicitários das várias marcas, reaproveitando peças de comunicação e dando corpo a uma nova campanha congregadora.
"O desperdício alimentar é uma afronta moral. É uma afronta quando em todo o mundo 690 milhões de pessoas continuam a passar fome. É uma afronta no que significa de uso injusto e insuficiente dos recursos do nosso planeta. É uma afronta porque agrava as alterações climáticas. O combate ao desperdício alimentar integra a agenda 20/30, mas este objetivo global só será alcançado se cada um de nós se empenhar a fazer a diferença no próprio dia a dia", disse Marcelo Rebelo de Sousa numa mensagem.
Já a presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome, Isabel Jonet, reforça que "só com um esforço coletivo e uno será possível combater esta realidade intolerável, absurda em termos económicos e injusta em termos sociais e ambientais". Em Portugal, estima-se que cerca de um milhão de toneladas de alimentos continue a ir para o lixo.
Com o mote "Unidos Contra o Desperdício, num compromisso com as gerações futuras", o Movimento organiza também um evento esta quarta-feira, entre as 17h00 e as 20h00, nos armazéns do Banco Alimentar, que tem como objetivo "dar visibilidade ao compromisso de todos os setores da cadeia alimentar".