Tiago Brandão Rodrigues debate com representares de pais e professores os passos que se seguem na Educação, Os exames nacionais são o tema quente que mais divergência provocam.
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As decisões são muitas e todas têm um impacto grande na vida de pais e alunos. Quando será o regresso às salas de aula? O que fazer com os exames? Quando e como terminará este ano letivo?
Com o início do 3º período letivo agendado para a próxima semana, dois milhões de alunos portugueses aguardam pelas respostas do Governo, que só devem chegar na próxima quinta-feira.
Mas antes, o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, reúne, por videoconferência, esta terça-feira com diversos intervenientes no setor educativo. Em cima da mesa a tutela tem de decidir se mantém as provas de aferição dos 2º, 5º e 8º ano e como se se vão realizar os exames nacionais do 9º do 11º e 12º ano, estes últimos que servem de acesso ao ensino superior.
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Depois é preciso ainda perceber até quando se deverá manter o ensino à distância e de que forma será feita a avaliação neste terceiro período. Nada disto é fácil de decidir. E muito menos consensual.
Na reunião desta terça-feira, com o Governo está a Associação Nacional de Diretores Escolares (ANDE), a Confederação das Associações de Pais (Confap), a Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) e a Associação Nacional das Escolas Profissionais (ANESPO) e a Associação Nacional de Dirigentes de Agrupamentos e Escolas Públicas.
Numa coisa todos estão de acordo: pais e professores consideram que as escolas só devem reabrir quando for seguro para todos.
Mas, em tudo o resto, as opiniões dividem-se. Sem querer adiantar o que vai dizer a Brandão Rodrigues, o presidente da Associação Nacional de Dirigentes de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, considera que este ano as provas de aferição do ensino básico já não se devem realizar, mas defende que é preciso acautelar o calendário dos exames do 12º ano e desafia as universidades e os politécnicos a dizerem o que pensam de todo este processo: "Os responsáveis políticos e institucionais devem mostrar alguma solidariedade com o ensino não superior", resume o presidente da associação de dirigentes escolares.
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Os exames do 12º ano são, de facto, um dos casos mais bicudos.
Para Associação Nacional de Diretores Escolares, os exames devem realizar-se "nem seja em outubro". À TSF o presidente Manuel António Pereira salientando que "quando for possível, os alunos do secundário devem começar a regressar às escolas para, tranquilamente, preparem as provas finais.
Já o presidente da Confap entende que esta pode ser uma oportunidade para experimentar algo que já defende há vários anos: "Os exames do 12º ano devem contar apenas para o acesso ao ensino superior e não para a conclusão do ensino secundário."
De resto, Jorge Ascensão, da Confao, diz que o "ensino à distância está a funcionar bem e que só vale a pena pensar na reabertura das escolas quando houver condições de segurança. A realização de exames finais não é importante. Este ano, devem ser feitos apenas exames de acesso ao ensino superior".
Posição idêntica tem Rodrigo Queiroz e Melo. O diretor-geral da Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) garante que "se não for possível regressar às escolas este ano, os exames finais não são importantes e devem realizar-se apenas as provas de acesso ao ensino superior".
Apesar de, na opinião de Queiroz e Melo, as provas de aferição e exames do ensino básico não se deverem realizar, "porque nestas condições não vão acrescentar nada", o representante do ensino privado quer o eventual regresso às escolas "centrado nos interesses dos alunos do ensino básico e não no acesso ao ensino superior.
Problemas diferentes daqueles com que se debate o ensino profissional. José Luís Presa, presidente da Associação Nacional das Escolas Profissionais (ANESPO), diz que as escolas do setor estão prontas para continuar a trabalhar à distância, mas reconhece que os estágios que preveem a integração dos alunos em ambiente empresarial devem ser reformulados e substituídos por atividades práticas levadas a cabo no interior dos estabelecimentos de ensino. "Quando for possível", salienta.
Já quanto aos exames do 12º ano, José Luís Presa pede uma recalendarização e que estes possam ser realizados nas escolas profissionais, "à semelhança do que já acontece com o ensino privado e cooperativo".
Desde 16 de março que todas as escolas, desde creches a universidades e institutos politécnicos, estão encerradas.
Em apenas 48 horas o ensino no país passou a ser à distância. Nas duas semanas antes das férias, a maioria dos professores do ensino básico e secundário aventurou-se a dar aulas recorrendo a plataformas de e-learning ou enviando trabalhos por email, uma solução com resultados elogiado pelos protagonistas ouvidos pela TSF.
Mas foi também nessas semanas que o país voltou a olhar para os alunos mais desfavorecidos: estima-se que cerca de 50 mil estudantes não têm Internet nem equipamentos para conseguir acompanhar as aulas a partir de casa.
De resto, garantir a igualdade no acesso ao ensino é outra das preocupações expressadas por todos os parceiros do setor educativo.
O Ministério da Educação fez entretanto uma parceria com a RTP para começar a transmitir, no 3º período, conteúdos programáticos dirigidos aos alunos do 1º ao 9º ano de escolaridade, sendo desconhecidos os contornos da iniciativa.
Por agora são muitos os cenários que estão em cima da mesa, mas como lembra Filinto Lima, "a situação muda constantemente e qualquer decisão que venha a ser tomada pode ter que ser revogada rapidamente".